segunda-feira, novembro 22, 2004

Cauê, independente do que nos aconteça de agora em diante, desejo que compreenda que sua existência me permitiu sonhar com a concretização de seus sonhos e que a dor dilacerante das lagrimas que derramamos nas tantas vezes em que não pude o proteger como deveria proteger um pai a um filho se tornará apenas uma lembrança amarga e distante quando conseguirmos permitir que você construa sua própria felicidade.

Por favor, entenda se um dia não me conter ao lhe dar de uma só vez todos os bons-dias e boas-noites que estão engasgados desde que me foi proibido embalar seus sonhos noturnos e a você me acordar com seu sorriso lindo na primeira hora da manhã. Todas as noites se tornaram tristes desde então, mas nas primeiras noites de sexta nem meu grito mais potente era capaz de aplacar a dor da sua ausência, da ausência da festa que fazíamos todas as semanas ao nos reencontrarmos para mais um final de semana.

Sei que não é possível ainda que perceba a importância que tem você acreditar em mim, apesar de todos os meus erros, apesar de todas as minhas falhas, mas peço que jamais se esqueça que eu sempre estarei com você, dentro do seu coração, cantando para você viver: ‘ba-bo, ba-bo, ba-bo, ba-bo, ba-bo, ba-bo...’.

sexta-feira, julho 02, 2004

A todos os meus inimigos, que me lêem com tanta freqüência

Queridos inimigos,

Hoje é um dia importante para vocês, ainda não li, por opção própria, a réplica entregue na última sexta-feira, não sei qual o seu conteúdo, mas já aprendi a esperar de vocês sempre o pior, então, imaginando o pior, eu consigo imaginar algo quase tão baixo quanto o que é feito.

De fato, se fosse feita uma leitura do meu blog, estariam vendo que em vários momentos cheguei a me questionar se vocês poderiam ser, ao menos, humanos, mas sempre, todas as minhas expectativas positivas tornaram-se frustradas, aprendi a esperar de vocês o pior, o mais sujo, a pior mentira, então juro que nem quero e nem consigo imaginar o tipo de sujeira e de mentira que lá está posto.

Hoje é um dia importante, por que decidi que não vou jogar o mesmo jogo que vocês, ainda não soube avaliar o tamanho do meu egoísmo em fazer isso, mas eu não posso comprometer a minha integridade moral, violar os meus princípios, para libertar meu filho, pois se o fizesse, estaria me igualando à quem eu critico e, então, ele não teria mais ninguém em quem confiar na vida, de verdade.

Hoje ele não tem, mas não o tem por não compreender que o fato de eu o ter abandonado não foi por decisão ou vontade minha, o foi por que sua mãe queria me colocar, naquele momento, na mesma situação em que ela estava, só que ela esqueceu, que ela é da forma que é por opção dela (mesmo que defendida a idéia de que ela não tem consciência de tudo o que faz é opção dela não trabalhar isso com ajuda profissional) e eu o abandono, mas também por opção dela, ou seja, duas vezes ela é responsável pelo abandono.

Só que vai haver um momento em que não será menos complexo, mesmo eu tendo consciência de toda a alienação parental que será praticada, nesse momento, que valor eu terei se, por qualquer motivo, tiver adotado uma postura maquiavélica? Em que os fins justificam os meios? Não, os fins não justificam os meios.

Então, assim como até hoje eu jamais escrevi neste blog sobre os fatos que minha ex-mulher pediu discrição ou para aqueles que implicariam o mesmo tipo de constrangimento, hoje estou decidido a não fazer isso também na justiça, lógico que essa decisão pode mudar, mas é difícil.

Enfim, quanto egoísta eu estou sendo em colocar a minha integridade moral acima do aqui e agora vivido pelo meu filho? Não sei... Sei que sou totalmente compreensivo aos Palestinos, mas não creio que usaria das mesmas armas que eles, sei que sou totalmente compreensivo aos irlandeses, mas também não creio que usaria as mesmas armas que eles. A situação que vivemos, eu e meu filho, é absolutamente similar à desses grupos e também formamos um grupo junto com tantas outras crianças, adolescentes e pais pelo Brasil.

Qual a forma de resolver? Ainda não sei. Também não sei se vou me perdoar pelas seqüêlas que tudo isso vai deixar nele e que já são perceptíveis, mas não sei exatamente como farei para impedir que meu filho continue sofrendo maus-tratos, por enquanto o que posso fazer é fiscalizar, mas nem isso estou fazendo com o esmero necessário, enfim, estou num momento de reflexão, mas estou tendendo a manter a minha integridade, afinal, pode ser que meu filho precise muito disso no futuro.

sexta-feira, junho 25, 2004

Tears In Heaven by Eric Clapton and Will Jennings

Would you know my name
If I saw you in heaven?
Would it be the same
If I saw you in heaven?

I must be strong
And carry on,
'Cause I know I don't belong
Here in heaven.

Would you hold my hand
If I saw you in heaven?
Would you help me stand
If I saw you in heaven?

I'll find my way
Through night and day,
'Cause I know I just can't stay
Here in heaven.

Time can bring you down,
Time can bend your knees.
Time can break your heart,
Have you begging please, begging please.

Beyond the door,
There's peace I'm sure,
And I know there'll be no more
Tears in heaven.

Would you know my name
If I saw you in heaven?
Would it be the same
If I saw you in heaven?

I must be strong
And carry on,
'Cause I know I don't belong
Here in heaven.

quinta-feira, junho 24, 2004

About this morning

At this morning I did sit down and started to write my last letter when I was interrupted by the notice of a friend, who lost his father, who died today very young.

While our friend described the importance of his father in his life by a day to day coexistence, about their great debates on politics, on religion and on ideas and also because his father was the one who gave him the sense of being a man who could make a difference, who could think by himself and who could be a whole man, I was thinking in my mind about the similarity between the nazi camps and tuesday, just because both bad guys though by themselves as doing the right thing, both didn’t respect others life or treated then as a human being that should be respected, whatever this human being is a two years old boy or a defectiveless man, better if you can destroy two by the price of one.

I didn’t finished my last letter, I’m alive one more day, some say my son deserves it, some can understand what’s having your son stolen from you right above your eyes and by your choice you didn’t do anything you could do to stop it.

Could I be considered a father or even a man?

quarta-feira, junho 23, 2004

About yesterday

About yesterday, I could tell you that a student’s meeting could be more civilized, it was something like a neighborhood’s fight, not even like a politician’s debate. Also my two years boy don’t need a child physicologist because it’s only an amorphous body, can’t feel anything around him. Also, they was incapable to read the legal documents in there to at least understand what’s going on.

The worst thing was: “You should prove that the mother of your son is incapable to be a mother if you want to be his father, if you can’t do that, forget passing a weekend with him at the beach until hi gets four”. So, although I did prove all the accusations were false, what was not even read by then. I’ll have to prove everything that everyone, except her family and her actual boyfriends, knows about her or, in other words, they are obligating me to throw the shit on the fens if I want to keep seeing my son in a way he could understand my presence.

segunda-feira, junho 21, 2004

Para Jana II


First of all: I didn�t know I had become so important as to deserve an entire post to translate my comment.


No, I didn't translate your comment. I did answer it. You are important because you are the devil's advocate here, the only one. Since no other responsible person would be at this paper, defending a mother who is attacking a two years boy, her own son. A mother who is seeing her son getting to the hospital so frequently and, by such angry of her past or because that son is responsible for several NOTS in her life, whenever it is, continuously private her son of the good care his father could give him or almost permit that we have a normal coexistence.


You completely misunderstood what my intentions were when I wrote that comment.


I can't relay on intentions, what's important is what you wrote as it isn't important my ex-wife's intentions, what's important is what she's doing to our son. But as the devil’s advocate, you and the beast should know that the hell is full of good intentions.


I didn�t mean to justify any attitude of your ex regarding your son, even though I think she�s right.


Could you explain why you are the side of someone doing what my ex-wife is doing to a defenseless child? Take care, because I'm not asking about what she could be doing to me or to my actual wife. I'm asking why you think our son should suffer the way he's suffering, including it's physical and emotional sufferings.

That's my question: Why our son should pay for anything I or her mother have done one day? That's not about judging me or punishing me. I suffer, but I am an adult, our son not, he can't even understand what's going on.


I just answered Di�s question about the reasons why your ex might be angry at her. And I did something else: I gave you both an advice, a useful and precious one, but if you don�t want to take it and don�t want her to take it, it�s a problem of yours. BUT I STILL THINK YOUR EX AND YOUR SON ARE NONE OF DI�S BUSINESS.


Sorry. You, that are being paid by me to work in the time you read my blog (your boss could not like it, but I know, public job, you work only if you desire), you are using money from the poor people to help my ex-wife doing this to our son, so you are co-guilty.



Please stop writing in English, because it�s getting boring. Next time you do it, I'll comment in Portuguese and you�ll have to translate it all again, just the way you did on "Mr. Jana" post. If only you could put the words together properly...


I do write in English because a friend that’s sharing his feelings with me is interested that I share my feelings also and he can’t read Portuguese yet, but as he is ready to move here, he is interested in learn it, so you can comment in Portuguese if you want.

sexta-feira, junho 18, 2004

Mr. Jana

I'll spend some time with you, because you proposed some questions and I loved it although I prefer some other guy questions, much better than yours.

So I'll quote your comment to comment about:


Ah! E em resposta à pergunta da Di, num comment de um post que já está nos arquivos, sobre o motivo de a ex ter raiva dela: Ela (a ex) tem toda a razão de se sentir ofendida com o fato de vc, Di, que não tem nada a ver com a vida marital dela com o Leo, e, menos ainda, com a relação deles com o filho, intrometer-se de forma tão invasiva.


You are saing that she can do whenever she wants with our son because she is angry with my girlfriend. Interesting poing of view, I'd prefer calling it barbarity.

Another point is that my wife is the stepmother of our son, so is envolved. I know you read the post where my ex-wife explains why she is doing that barbarity and I know you know also what she said to my friends about it.


Tenho uma amiga cujos pais se separaram quando ela ainda era pequena, e que até hj não se dá bem com a mulher do pai, que costumava falar mal da mãe dela e até dar palpites no relacionamento da filha com os pais.


Sorry about your friend, we problably understand her feelings much better than you. I know you could not even imagine why. May be, monday, I'll bring you a paper at your office. Don't forget you really don't know us. You don't even know very well my ex-wife.


Ela tb não consegue perdoar o pai por ele ter dado liberdade à atual esposa de opinar em assuntos tão íntimos e que não lhe diziam respeito. Pense nisso. Vc pode estar criando uma situação desconfortável para vc e para o próprio Leo, já que, quando começar a entender melhor o mundo a seu redor, o menino pode ter raiva de vc e até do pai por terem magoado a mãe dele.


The only thing you could not say about our son is that he'll be angry with me, that's impossible, you can't imagine what happens beteween us and that's one of the main reasons my ex-wife is trying to separate us, because she knows that we are very well connected, so even if she hinders us getting togheter as she is doing today, she knows our love is growing is she knows that our son will ask, early or not, to live with us.


Eis o motivo, na minha opinião, pelo qual a ex do Leo não gosta de vc. Vc deveria tentar ficar à parte desse assunto, para não se queimar e nem machucar os que estão necessariamente envolvidos e que não a escolheram para fazer parte e dar palpite em seus problemas íntimos.


I choose her and you know that as you're not stupid. Nobody should stay out, when seeing so great violence being done with a child, specially my wife when that chield is my son.

You could be taken as a curios guy, not her. She is being attacked by my ex-wife for six months now. I'm being attacked by her by almost one year now.

It's time to stop it.

At the end, you didn't explain anything. You didn't explain why my ex-wife is hard punnishing our son by whetever she thinks on me, whetever we have done to her. Thats the question, if she got offended by us, she should attack only us, not a defenseless child.

And if she hates my wife because she thinks, as she said several times to me and other friends, that I am not anymore free for sex because I love my wife, she should know that the only responsible for that is herself, because I don't know anybody else that abandons her family because of an Internet love.

Someday you could understand what is knowing that your wife, mother of your six month boy, is having an Internet affair with someone in Sweden, that sends flowers at his birthday, that call her at home, by someone that works for you, because your wife said it to directly him when she was talking to her new boyfriend in a cybercafe in front of her college. And even if you do everything she wants, even if you don't have money for that, because you know your son is too young for a divorce, she abandoned her home.

I've supported much more than you could imagine. I've wrote something about it here, but I decided to not expose that, because what I've already wrote here is just a small piece, very small piece of what happened.

Writing that could destroy, at least, the hope of a new couple that I'm desiring could rest forever, could destroy also my self respect, because no one could imagine how degraded can be the life of a man in love by a grown up lolita.

Thinking about

Something new and beautifull could start at the exact time someone stops lying and starts talking the truth again, to everybody, not only, but specially to her actual fiancé. May be looking for a new therapist. Because when the truth was kept in secret by only a couple, that couple was destroyed by all the pressure that came. If everybody, her family, her friends could know who she really is, everybody could start helping her or, at least, could stop to strengthen her problems.

Because life can forgive you once, but i would not try it twice.

quarta-feira, junho 16, 2004

All my new pages get dirty

I tried to rebuild my own life several times since she abandoned me, but she is always pushing me down by using the weapons she has in hands. When my love and passion was reduced to nothing but caress and memories, she started to use our son to do that.

Several times after the divorce, she used me to satisfy her needs with promises of getting back together again and again, at least four times she came back living with me again for a whole week. That hapened once a month, until I felt very bad and put a end to it.

In October 2003, knowing that I was getting engaged with someone else, she proposed to me that now, we could be lovers, as we both were in stable relationships and we were fantastic in bed. I refused although my feelings about her were not clear yet.

In December, although she knew that my grandmother was coming to meet my son, her unique great-grandson, and after a year fighting with a cancer, she started to use our son as main weapon to control my life, what originated a mediation at the “SOS Criança” (something like SOS Chield), done there by a psychologist or social assistant, but I should notice that, to guarantee that my grandmother will see my son I had to tell my ex-wife that I wasn’t having any contact with my girlfriend anymore and immediately after the meeting there, she asked me to go to somewhere where we could make sex, what I refused again.

In another meeting, she almost attacked me because of my insistent refuse in having sex with her, although the last time she proposed that we could be lovers while having our own relationships were after she came from Sweden.

That time, her main argumentation was that if I was seeking a good relationship with her mother, the only reason we got divorced in her opinion was dismissed, and we could try again if I loved her yet. I did answered that I was not abandoned by her mom, but by her, that I decided that her mother was definitely very important to our son and I would respect her as a figure that is very, very important to him, as she also is.

I completely despaired with my life, because I can’t restart it, when I think that everything is calm and safe, some bomb explodes to hurl me down again and compels me to recoup my last strengths and defend my son, myself, my wife from her attacks, without the chance to turn over the pages from our failed marriage.

I just need help from anyone that knows how to spot a vindictive ex-wife to destroy the entire life of her almost destroyed ex-husband.

segunda-feira, junho 14, 2004

sexta-feira, junho 11, 2004

Tirei a censura do post anterior

Uma vez que não me sinto confortável em ler os comentários recentes, pois mesmo sabendo a origem, não deixam de machucar. Cortei a maior parte do post anterior e comunico agora que, se quiserem ter notícias nossas, por um tempo, o único lugar será o blog do casal em http://oanjoeadi.blogspot.com, pois este blog está suspenso, antes que eu me magoe mais por causa dele.

A situação já é difícil, já não podemos, e nem mesmo temos ânimo, para nos divertirmos normalmente, não posso escrever sobre o que sinto, se quer saber como eu estou, até por uma questão estratégica, ao menos não deixe comentários, que eu só fico vendo quem passou por aqui, fico pensando que, talvez, minhas palavras possam até entrar nesses corações duros.

Devo lembrar, entretanto, que meu blog, o dia que quiser, tiro do ar, sem dificuldades. O que está nos autos (tks jana), a, isso não tenho como tirar, isso é parte da história, aquilo que está sendo feito também, não se pode voltar atrás, não se pode reviver e corrigir. Meu blog não é mais que um reflexo do que eu estou vivendo, observe-se que ele, inclusive, estava praticamente suspenso desde que entrei na terceira fase pós-separação, voltou à ativa agora, por que a sensação de sufocação voltou.

Mesmo assim, o que o Cauê vai ver ou já ve hoje, é muito mais racionalizado que o que deixo fluir para meus amigos, para se ter idéia, existem fotos da mãe dele em seu quarto, uma vez que eu posso ter me separado dela, mas ele não e eu tenho que respeitar isso, se a outra parte colocasse o Cauê em primeiro lugar, ou ao menos, considerasse ele, eu estaria convivendo com meu filho, por que não deixei de ser pai, nem nunca vou deixar, faça-se o que se fizer.

quinta-feira, junho 10, 2004

A Deus ou o que ou quem quer que nos atenda por este chamado,

Passa o tempo da tristeza
Passa o tempo da alegria
Passa o sonho, a esperança
mas também passa a agonia
só não passa o meu amor
(Marcus Viana em Nave dos Sonhos)
(Álbum de ninar preferido do Cauê)

A Deus ou o que ou quem quer que nos atenda por este chamado,

Gostaria de pedir não só por meu filho, mas também por tantos outros orfãos de pais vivos, que esta prece, de cunho pessoal, escrita à distância do Direito, da Psicologia e da Educação, ciências que muito estimo e respeito, mas que, apesar do esforço de seus pensadores, ainda não podem dar conta da totalidade relacionada à convivência entre uma criança, seus pais, seus familiares e todas as comunidades que os cercam.

Permito-me aqui, então, me expressar com a liberdade de sentimentos e de emoções que sempre envolveram meu relacionamento com o Cauê.

Foi com muito pesar que em uma sexta-feira à noite (7/5/2004), quando era costume apanhar meu filho na casa de seus avós maternos, soube da ação da qual me defendo agora, pois a forma como foi feita, à distância da conciliação e da cordialidade que deveriam cercar o convívio entre os entes responsáveis pelo cuidado primário de uma criança, considerei violência contra mim e, principalmente, violência maior contra nosso filho, que não pôde entender o que se passou naquela noite.

Eu, na ocasião, com a intenção de diminuir a punição a que ele estava sendo submetido por ser também meu filho, tentei permanecer com ele por alguns minutos na casa de seus avós maternos, em visita supervisionada por sua mãe e sob as constantes ameaças de não mais o ver, mas, não suportando mais a dor que me sufocava, despedi-me dele e pedi à sua mãe que o distraísse enquanto permitia que eu deixasse a casa de seus pais.

Qual então não foi minha surpresa quando, mesmo vendo que eu havia "desabado" em choro, trouxeram meu filho para me ver, deixando de o levar comigo como era a rotina a que estava acostumado e ainda chorando daquela forma. Tentei me restabelecer, pois era claro para mim que o julgamento da criança seria o de assumir para si a culpa pelo sofrimento do pai e pelo seu conseqüente abandono na casa de seus avós, mas não consegui, com voz tênue ainda prometi, mais para mim mesmo do que para ele, que lutaria até meu último suspiro para, depois de ter tido o meu relacionamento com sua mãe destruído, não deixar meu relacionamento com ele também o ser. Entrei no carro assim que pude, transtornado com a expressão de choque na face do meu anjinho de cabelos cacheados.

Confesso minha culpa por não ter obtido forças para reagir a esse golpe até o próximo dia de visita que fazia parte de nossa rotina, na terça-feira seguinte (11/5/2004), quando estacionei o carro em frente à casa dos avós maternos de nosso filho, onde mora quando em companhia de sua mãe e, qual não foi minha alegria, ao escutá-lo gritando "babo! passear!", o que agradeci a Deus por ele não ter perdido a confiança em mim. Qual não foi a surpresa quando sua mãe chegou à porta da casa, falando comigo, que estava do lado de fora do portão ainda ouvindo os gritos de alegria de nosso filho pela minha chegada, deixando claro que eu não o poderia ver, mesmo para um passeio curto, justificando que ele não precisava passear, pois já havia passeado naquela tarde, como se a única razão para sair comigo fosse a atividade física ou social do passeio.

Não tive forças para fazer mais que, novamente, chorar, pois ainda estava muito abalado pela leitura do processo que fizera naquela tarde. Ainda não aceitava a possibilidade de alguém que jurou me amar tanto, que durante seis meses trabalhou no meu convencimento de que deveríamos ou poderíamos ter um filho, pois independente de nossa continuidade enquanto casal, teríamos ambos o compromisso de participar de toda a vida de nosso filho o que, ingenuamente, acreditei e aceitei.

Na quinta-feira (13/5/2004) pedi à minha irmã e ao meu cunhado que visitassem o Cauê, mas também não deixei de me sentir mal quando minha irmã me descreveu a expressão no rosto dele, que veio correndo até a porta da casa quando chegaram, ao ver que não era eu lá, naquele dia. Também naquele dia tiveram conversa permeada pela percepção de que toda a mudança na atitude da mãe do meu filho se deve ao seu desejo de ir para a Suécia para viver com o noivo que conheceu na Internet, com o qual iniciou namoro enquanto ainda formávamos uma família nuclear, morando sob o mesmo teto, e à grande pressão feita por sua mãe, para que Debra, mãe do Cauê, não partisse e o deixasse comigo, talvez para que até ela desistisse da mudança para o estrangeiro.

Uma vez que a Suécia não é nem um destino próximo, nem possui muitos elementos culturais comuns com o Brasil, a ruptura seria drástica, pois estaria sendo afastado não apenas de um dos pais, mas de todas as comunidades com que convive desde o seu nascimento, suas famílias naturais, emotivas e afetivas, da percussão, da capoeira, do bumba-meu-boi, do maneiro-pau, do côco de praia, do côco do sertão, da caninha verde, dos Irmãos Anicete, do Reizado, da xilogravura e dos jogos de futebol no estádio Presidente Vargas que adora acompanhar da janela do "quarto azul", meu antigo quarto na casa de meus pais, transformado em seu (do Cauê) durante o período em que lá ficamos hospedados. Embora eu não seja torcedor de nenhum time, meu filho já cerra o punho e grita: "For-ta-le-za" quando vê o campo cheio, quando o futebol não está "dormindo".

Na sexta-feira (14/5/2004), quando liguei para a casa dos avós maternos do Cauê, sua mãe me fala que poderia estar com ele de sábado 9h da manhã até domingo 19h da noite e me pergunta "se estava tudo bem", a que respondi que não, mas que ela estava ditando as regras naquele momento e, para minha surpresa, a resposta que obtive foi "perguntei se havia entendido bem apenas, venha buscá-lo amanhã".
Ao menos pude rever meu filho em um curtíssimo intervalo de tempo, o que iluminou novamente meu coração, embora tenha me machucado muito pensar a que ele esteve submetido, uma vez que tanto estava menos carinhoso, tanto comigo como com outras pessoas, e, principalmente, por que não estava mais me chamando por "babo", a primeira palavra que aprendeu e a forma como sempre me chamou, estava me chamando de Léo, meu nome, tal como trata a mãe desde que ela deixou nosso lar, retornando para a casa de seus pais, avós do Cauê. Fiquei temeroso sobre os condicionamentos a que pode estar sendo submetido, quais os objetivos e, principalmente, quais os métodos. Confesso que a partir de então, mantenho uma vela acesa para Nelchael, seu anjo da guarda, em seu quarto, pois me perguntava a que tipo de treinamentos estava sendo submetido para que chegasse a agir dessa forma.

Não sei quando poderei o ver novamente, talvez em outra circunstância como sábado, em que se torne mais conveniente para a mãe dele, uma vez que, indignados, velhos amigos me relataram que a razão pela qual pude estar com meu filho naquela noite de sábado (15/5/2004) era que a Debra estava se divertindo, dançando e bebendo com toda a alegria no Ritz Café, na Praia de Iracema.

Acredito que não é vedado aos pais de qualquer criança a possibilidade de discordarem quanto aos mais diversos aspectos concernentes ao crescimento de uma criança e da forma como conduzem suas próprias vidas, se não os é para os pais em união estável, também não os deve ser para aqueles cujo relacionamento não mais perdura, pois não entendo que deixei de ser pai quando meu então "amorrzinho", durante visita minha à casa dos meus pais num sábado com o Cauê, levou tudo que era seu e a si mesma de nosso apartamento.

Lutei muito pela reconciliação, mas nas oportunidades em que acreditava estar acontecendo este milagre, uma vez por mês nos quatro primeiros vezs depois de nos separarmos, estava apenas sendo usado como objeto de satisfação física, o que ficou claro para mim posteriormente, quando em novembro, sabendo que eu iniciava novo namoro, ela me pediu que esperasse por ela, pois estava fazendo terapia e ia melhorar, quando, na verdade, no mesmo período, H.R., atual noivo dela, estava no Brasil e ela estava passando todas as noites com ele em seu hotel, segundo ela própria me disse posteriormente. Destaco que durante este período Cauê estava bem mal de saúde, provavelmente se expressando através do próprio corpo.

Durante o período imediatamente anterior e posterior ao momento em que a mãe de meu filho deixou nosso lar, confesso ter sublimado parte deste sofrimento em poesias, em um diário e em outras formas de manifestação artística. Produções de um homem que perdera o grande amor de sua vida e que estava sendo, a todo momento, ameaçado de perder, também, a convivência mínima que mantinha com nosso filho: o Cauê.

Acredito que é justo para marido ou mulher, qualquer um dos dois, desistir da vida em comum por qualquer motivo, mas, jamais, isso deve implicar que pai ou mãe se separem de um filho, pois entendo que a partir do momento em que assumiram a responsabilidade sobre alguém inocente e indefeso, também restringiram parte de sua liberdade individual em função do bem-estar dessa criança, até que se torne um adulto.

É dessa forma que raciocino ao buscar o local de minha pós-graduação, quando não penso em ir tão distante que não possa retornar com freqüência a Fortaleza e que esse passo terá de ser retardado até que o Cauê possa compreender a razão de meu afastamento recorrente de sua vida.

Não foi, portanto, apenas uma vez que recusei a oportunidade de voltar a trabalhar em São Paulo, a razão era de que meu salário teria de ser o bastante para sustentar dois lares naquela cidade e que dependeria do aceite da mãe do meu filho, de mudar seu domicílio e assumir sua própria casa, o que ela não aceitou quando propus.

Um dos aspectos mais marcantes na personalidade do nosso filho é sua apreciação das artes, especialmente a pintura, a música e a dança, talvez decorrente da herança familiar, uma vez que minha irmã é historiadora, museóloga e artista plástica e meu tio e padrinho é mestre em microbiologia do solo, artista plástico e um dos curadores mais respeitados no sul do Brasil.

Destaco que ainda em 2003 assistimos, eu e o Cauê, a um espetáculo de dança contemporânea e me marcou muito que ele, com pouco mais de um ano, tenha acompanhando atenciosamente a coreografia do começo ao fim. Nem todo adulto aprecia com tal atenção espetáculo dessa natureza, algo que também me machuca, uma vez que, muitas vezes, não posso levá-lo aos espetáculos artísticos exibidos em Fortaleza, por não ter a liberdade de estar com ele em minha companhia, por não poder estar com ele fora dos dias acordados entre eu e a mãe dele até a fatídica sexta-feira a qual me refiro no início desta prece.

Peço que considere as particularidades deste caso, uma vez que não considero sua casuística presa aos estereótipos ligados ao masculino e ao feminino em nossa sociedade. Basta pensar que eu, homem, cabelos compridos, tenho na culinária um dos meus principais prazeres. Ela, sem lhe valer qualquer desmerecimento, usa os cabelos raspados, possui duas tatuagens no corpo e, desde a separação, tem freqüentado regularmente a boemia de Fortaleza, tornando-se até conhecida dos funcionários da Órbita, onde consegue entrar de graça mesmo após o período normal de franquia, e do Ritz Café, aproveitando toda a juventude, inclusive como se não estivesse comprometida novamente. Em nada julgo seu comportamento como impróprio para a criação e convívio regular com nosso filho, o que, de fato, muito prezo. Peço, entretanto, suaa atenção para com as particularidades deste processo, tão ímpar e tão embebido de pós-modernidade.

Peço que me seja permitido exercer o dever e o direito de amar nosso filho, de acompanhar sua vida escolar, eu que sempre fui excelente aluno gostaria de ajudá-lo a alcançar resultados superiores aos meus, de acompanhar suas conquistas cotidianas, de ter com ele uma verdadeira e sincera convivência, em que possamos nos aceitar, plenamente e progressivamente, de permitir que sua sensibilidade aguçada perceba toda a atenção que quero dar a ele, e de ser seu pai, não com base em uma tradição de pais distantes, mas um pai presente, um pai integral.

Talvez esteja se perguntando o que é ser um pai presente para mim, entendo que há muitas abordagens pelas quais seria possível entender a presença de um pai na vida de um filho, por isso tentarei expor aqui meu entendimento, talvez até um pouco solitário em meio a tantos pais que, nem em poucos dias de visitação, aparecem para ver seus filhos, o que talvez eu possa compreender, pois acredito que seja decorrência do afastamento a que são, muitas vezes, obrigados a ter de seus filhos, assim seus vínculos vão esvanecendo, enfraquecendo, até se apagarem e não mais manterem nem pai, nem filho vivos, mesmo que seus órgãos biológicos ainda funcionem perfeitamente.

A vida, então, se torna não mais que um sofrer contínuo e resignado, na esperança de que, um dia, aquele filho, órfão de pai vivo, venha a buscar por quem o pai é de verdade, para além de todas as mentiras que ouviu ao longo do seu crescer, o que, talvez, nunca aconteça, talvez somente quando estiver passando pela mesma situação que seu pai e seja tarde demais para reverter o passado.

A presença de um pai, em minha concepção, exige atenção concentrada e focalizada em direção aos atos e aos sentimentos da criança, estando sensível para perceber todas as emoções que traduzem as particularidades de nossos filhos, o que só ocorre quando os pais vivem esses momentos entregues por inteiro, pois em nada adianta estar presente fisicamente se a mente estiver presa em outro lugar, o que acaba implicando numa proximidade não-verdadeira.

É exatamente neste ponto que tenho tido mais dificuldade em exercer minha paternidade, sintonizado com as idéias em que acredito, pois desde que soube do início deste processo, senti-me colocado de forma “inferior” ao valor da mãe e de seus familiares. Tudo o que é a mim concedido para que eu goze o dever de ser pai concerne à concepção de valor paternal variando de acordo com a conveniência circunstancial ou emocional à qual se encontra a mãe de meu filho e, para mim, pior do que não ter valor é ter um valor materializado pela conveniência.

Conseqüentemente, é desta forma que a concepção de valor, que a mim tem sido atribuído, define o quanto ou a sob quais condições devo estar presente diante de meu filho. É a paternidade um direito concedido pela mãe?

A impotência com que tenho me visto nestes dias, sendo punido por amar de forma tão intensa nosso filho, que não quero, de forma alguma, afastar do convívio nem da mãe, nem de seus familiares e amigos, faz-me lembrar que, certa vez, sabendo que sua mãe raramente o levava para ver sua bisavó, avó materna da Debra, fui visitá-la durante o curto período de tempo que passo com o Cauê, dada a importância que dou às referências familiares na formação de uma criança.

Lembro também o quanto me cortava o coração ver meu filho chorando todas as segundas e quintas pela manhã quando o deixava com sua mãe, e como procurei conversar com ela para que o recebesse de forma mais afetiva, para que sua separação de mim não fosse tão sofrida, felizmente, hoje, ele vem e vai tranqüilamente quando vou o deixar ou o pegar, mas não posso omitir a participação que tive em busca da humanização deste momento, considerando que, ao vir comigo, sempre tudo transcorreu em paz e amor.

Tenho esperança que, uma vez que minha paternidade se torne chancelada pela justiça, então será possível estabelecer um clima cordial com a mãe de meu filho, pois acredito que são a ausência de regras claras e o sentimento de potência total dela que a estão fazendo buscar o embate em oposição à conciliação, pois não é necessário conciliar quando se pode, simplesmente, "esmagar" a outra parte.

Devo destacar que nunca me neguei a deixar o Cauê com ela ou com os avós conforme combinado entre nós, mesmo quando, por motivo justo e não apenas pela variação de humor da Debra, desejavam estar com ele durante o exíguo período de tempo em que passo com ele.

Por diversas vezes, durante o período em que a Debra esteve na Suécia, por conta de seu noivado, cujo retorno adiou em uma semana com quatro dias em que estava lá, levei o Cauê para conviver com os pais dela, sem coagi-los de qualquer maneira com a minha presença e, especialmente, destaco que busquei, à partir daquela viagem, tornar-me o mais pacífico dos homens, relevando todas as maldades das quais me senti vítima, especialmente da parte da avó materna do Cauê desde a gravidez da Debra, mas que não precisam ser citadas aqui. Convém salientar que, no período que antecedeu a viagem, novamente o Cauê esteve muito doente, chegando a ser internado, envolvido com o Hospital Regional da Unimed de 1h30 da manhã até 22h da noite do dia 18 de fevereiro de 2004, em dieta zero a partir das 15h por conta de possível endoscopia no final da noite, decorrente de possível ingestão de cacos de vidro de um conta-gotas colocado pela própria mãe, talvez por demais envolvida com os preparativos da viagem, dentro de sua boa. Teve alta horas depois do check in da Debra no vôo para a Suécia.

Quando do adiamento de seu retorno da Suécia comunicado no domingo (22/02/2004), primeira vez que ligou para a casa dos meus pais para saber como o Cauê estava, preocupei-me imediatamente em adiar a consulta marcada do Cauê com sua pediatra para que a Debra pudesse estar presente, o que provocou alguma dificuldade em remarcar para um período próximo, uma vez que é médica bastante concorrida.

Hoje, em contra partida, outra pediatra foi escolhida para o meu filho, que não sei sequer o nome e nem os remédios que tem receitado a ele, o que muito me fere, uma vez que sempre prezei pela saúde integral de nosso filho, acompanhando-o em todas as consultas, exames ou procedimentos que fez e tive conhecimento, não importasse qual o compromisso profissional em que seria substituído por outro sócio da empresa na qual atuo como principal executivo, juntamente com Sérgio Ruoso, meu pai e presidente.

A minha persistência, frente à participação efetiva na vida de meu filho, resume-se na idéia de que minha convivência verdadeira com o Cauê é pressuposto necessário para ele possa criar as fontes que alimentam com qualidade o clima de amor, pois o efeito contrário, ou seja, a falta de um encontro autêntico entre nós é assimilada por ele como um sinal negativo, podendo ser traduzido como falta de preocupação de seus pais diante das suas ações e sentimentos, como conseqüência, pode interpretar este ato acreditando não ter importância que desejaria receber, passando a se valorizar menos.

Uma das maiores preocupações que tenho encontra-se na relação entre esse raciocínio e o sentimento oposto ao amor: a indiferença, pois a falta de um contato autêntico com seus cuidadores primários pode fazer com que não se sinta amado e seguro.
Assim sendo, quero estar presente de forma ativa, num encontro verdadeiro com meu filho, apoiado em toda a empatia que possa existir no mundo, sem me preocupar se estarei sendo rotulado ou não pela sua mãe.

É por isso que quero que esta oração se torne ferramenta capaz de construir os alicerces que permitam sustentar as minhas crenças em busca de uma vida com meu filho muito mais saudável e com muito mais qualidade.

E, em referência a outro pai, que passou por situação semelhante à minha e que conseguiu, finalmente, exercer seus deveres e direitos de pai: se Deus já me concedeu as asas, por meio do nascimento de meu filho, para alçarmos juntos os vôos em direção à felicidade, então, que a justiça humana nos conceda a resistência do vento, para que esse sonho possa realmente decolar.

Sem deixar de confiar em vossa capacidade para analisar a casuística ímpar deste processo, entrego minha defesa às portas da justiça, tanto a dos homens, quanto a de Deus e que as lágrimas vertidas durante a escritura desta prece possam abrir uma luz em meio às calúnias e difamações apresentadas pela acusação que deu origem a este processo.


Leonardo Ruoso, acima de tudo, pai integral

Nem todos nos viraram as costas

Tá, é verdade que foram muitos os que preferiram me assumir como uma espécie de monstro doméstico do que se perguntar se as fantasias contatas pela noite de Fortaleza eram ou não verdade.

Estou certo que as pessoas não entenderam o tamanho do estrago que fizeram, eu, do meu lado, fiquei atento em ser pai do melhor jeito que podia, morrendo de estudar sobre divórcio, como minimizar os efeitos negativos sobre os filhos e tudo mais que me fizesse ficar tranquilo quanto a executar bem meu papel de pai e nisso tive muita ajuda da Di e de outras pessoas que estavam mais próximas.

Com isso deixei de lado a noite, aliás, deixei de lado a noite, no mínimo, desde que fiquei grávido, mas não retomei ao me separar, não que não gostasse das pessoas, senti muita falta de todos, mas que meu filho se tornou a grande razão da minha vida. Não sei se alguém lembra que eu já no primeiro semestre da faculdade queria muito, muito ter um filho. Acabei tendo o filho com alguém por quem eu estava apaixonado, mas que acabou.

Agora, além de ter acabado seu relacionamento comigo, essa mesma pessoa está fazendo tudo que pode para detruir o meu relacionamento com meu filho, punindo a ambos pelo que sentimos um pelo outro e conta com o apoio de pessoas que eu julgava sensatas, centradas. racionais.

Se alguém quiser copias de artigos, livros que resumem pesquisas realizadas ao longo de 25 anos acompanhando famílias que se divorciaram, ou mesmo entender um pouco do que é isso, eu e a Di estamos aqui, pois não quero, de forma alguma, como até já ouvi um desses ex-amigos falando, "roubar" o filho da minha ex-mulher ou "dividí-lo", quero apenas que tenha o direito de ter pai e mãe, independente de seus defeitos, que são muitos em ambos os casos, de suas virtudes, que também são muitas e de todo o resto.

Há uma distorção na jurisprudência, uma vez que a mudança nas leis só aconteceu neste século, mas não tem problema, se não se resolver na primeira instância, a gente já tem acompanhado que no STJ as coisas estão mudando cada vez mais rápido.

quarta-feira, junho 09, 2004

Não renunciarei jamais ao meu filho

Embora na terça-feira (1/7/2004) tenha sido impedido de ver meu filho sob a alegação de que teria que "ligar antes", na quinta-feira (3/7/2004) de que teria que "ligar um dia antes" e que na sexta (4/7/2004 -- um dia depois) não poderia vê-lo por que ela iria levâ-lo viajar no final de semana.

Embora nessa mesma sexta-feira foi avisada de que sábado era dia de vacinação contra a pólio e que eu teria o direito de verificar, mesmo provisóriamente sem a guarda do meu filho, pois trata-se de poder familiar que permanece presente independente de quem tenha a guarda da criança, na terça-feira marquei de levar o Cauê à praia na quarta pela manhã, o que não pude fazer, sendo informado que só poderia tê-lo em minha companhia durante menos de dois dias a cada quinze dias até que a juíza retornasse de licença.

Embora tudo isso esteja acontecendo, há quem ainda acredite que uma mãe sempre quer o melhor para seus filhos, há até quem acredite que uma mãe sempre coloca o bem estar dos filhos acima de qualquer outra coisa.

O que eu posso dizer é que ter um filho pode mudar muita coisa em você, mudou muita coisa em mim, mas pode não ser suficiente para torná-lo uma boa pessoa.

E se você for uma boa pessoa, pode até namorar despreocupadamente, mas não case ou tenha filhos apaixonado por alguém, peça para que alguém neutro, preferencialmente um profissional, cheque se está tudo bem e seja bem sincero com ele, com o profissional, por que as menores evidências podem predizer grades desastres no futuro.

Um pai profundamente magoado, não mais por ter sido abandonado pela mulher, mas por estar sendo obrigado, por essa mesma mulher, a abandonar, involuntariamente, seu filho, mas esse mesmo filho pode ter a certeza de que não vou aceitar essa condição, nem hoje, nem nunca, nem sob qualquer ameaça.

NÃO RENUNCIAREI JAMAIS A MEU FILHO

terça-feira, junho 08, 2004

arrogante: arrogare, apropriar-se de

O texto dessa madrugada era o anterior a esse, a intenção pela qual os chameio aqui era o post abaixo deste, não este, mas já que perdi o controle e não mais consegui controlar a mim mesmo, só me resta deixar com vocês o espírito com o qual vou dormir:

Algumas coisas têm se mostrado extremamente relevantes e até proféticas certas vezes, uma delas é que havia mudado completamente a história de Óleo de Lorenzo em minha cabeça, não sei ainda o por quê havia reescrito que a criança morria e o casal se separava, embora seus esforços salvassem milhares de outras crianças pelo mundo, eles próprios não se beneficiavam.

Eis que era muito como eu estava vendo a mim e à própria Ingrid, com muita gente nos dizendo que ou seria impossível conseguirmos um resultado favorável para o Cauê na justiça ou, ao menos, que não seria possível conseguir de forma higiênica.

Então eu tenho batalhado pela felicidade do Cauê acreditando que, mesmo que todo nosso esforço não garanta sua felicidade, pois estamos correndo contra o relógio biológico dele, outras crianças poderão se beneficiar e poderão contar com um divórcio ou uma separação mais humanizados e, principalmente, com uma justiça mais humana e mais justa.

Eis que o filme, na verdade, acaba com Lorenzo vivo, recuperando-se, e seus pais juntos, lutando contra o bu-bu. Eles não ajudam só os filhos dos outros contra o bu-bu, mas ajudam o próprio Lorenzo e continuam lutando juntos.

Então, ao invés de ir dormir açoitado pela paulada que levamos, vou dormir com a esperança reacendida de que poderemos derrotar o bu-bu e dar todo o amor que meu filho merece, embalando-o, cantando para ele, tocando para ele.

E se tudo der certo, o bu-bu e o tutu-marambá dele vão fazer terapia e aprender a amar, mesmo que seja com o amor que ele vai lhes dar. E vamos estar do lado dele, dando todo o amor que ele precisar para enfrentar os conflitos que ainda vão surgir em sua vida.

O filme O Óleo de Lorenzo demonstra que, em sua arrogância, os guardiões do saber canônico não admitem concorrência: reflete a contradição entre o saber considerado científico e o saber não reconhecido no campus. Os pais de Lorenzo, na luta para salvar o filho, tornam-se autodidatas, rivalizando com os renomados doutos. As autoridades científicas relutam em aceitar os avanços obtidos nas pesquisas realizadas externamente ao seu controle.

Mas, a resistência não é apenas dos médicos: os demais pais, cujos filhos sofrem da mesma doença de Lorenzo, não aceitam que alguém fora da academia possa atingir o saber científico. Ou seja, negam legitimidade ao saber não-diplomado. “Querem ensinar os médicos”, acusa uma mãe. Em sua opinião, o desafio ao saber estabelecido é um ato arrogante. E ela tem certa razão. Com efeito, a palavra arrogante vem do latim arrogare, que significa apropriar-se de. E de fato, o que o pai de Lorenzo faz é, por meios próprios, apropriar-se do conhecimento científico.

From: http://www.espacoacademico.com.br/028/28pol.htm

segunda-feira, junho 07, 2004

Um dos piores momentos até aqui, mas eu sei que ainda vai piorar

O pior não passou, nunca passa, tenho que aprender isso, já se vão três anos eu sempre acreditando que o pior já passara, que o que estava por vir não poderia ser pior do que o que acontecera, sempre veio pior, eu sempre com a esperança que, no mínimo, o que viria seria menos, mesmo que não fosse bom, mas que não seria tão ruim.

Enfim, devo aprender, a vida não é cor-de-rosa e isso eu estou aprendendo da pior maneira possível, por que dói mais em quem eu amo do que em mim. Muitos dos amigos eram meus também, mas eram muito mais dela [do meu amor] do que meus --embora eu não saiba também se há essa altura também os meus já não me abandoram quase todos.

Foi meu amor que confiou até o último instante nos amigos velhos (e eu não deixo de acreditar, teimoso, naqueles que ainda não pude confirmar nos abandonando), e cada nome pronunciado como "não tem perigo, eu confio muito nele" foi se desmanchando sem que um único tenha se preocupado em perguntar a nossa versão, em "checar a informação" como dizemos no jornalismo.

Todo mundo se "encantou" com a versão única, "sexy" e "sedutora", todo mundo evitou o outro lado, mesmo quando o outro lado nem sabia que tinha que se explicar.

Ao menos uns assumem, pior aqueles que mesmo a gente vendo o que fazem e dizem, fizeram ou disseram, dizem-se (para nós) de fora, amigos de ambas as partes, amigos desde quando? Desde que foi planejado o que hoje se tornou realidade. Não importa já faz uma década que eram nossos amigos, será vingança por termos optado por formar uma família e abandonar a adolescência?

Será que o fato de que para nós formar uma família era o mais importante de tudo e que sair à noite era algo menor? Que beber e ficar sem dormir não fazia sentido quando se tinha que trabalhar e proporcionar o máximo de nós para nosso anjinho dos cabelos cacheados?

Será que nossos amigos não podem nos perdoar por entender que uma vidinha nossa nos merece livres de qualquer ressaca, principalmente de ressaca moral?

Pode ser, me perdoem, não esqueci de ninguém, mas tenho lutado com todas as minhas forças contra algo muito forte, algo que muitas vezes é mais forte que eu, algo que já me consumiu 20kg de mim mesmo.

Então além de dedicar todo tempo que pude ao meu filho, com todo meu carinho e ternura, assim também o tempo em que não podia estar com ele (mais de quatro vezes o tempo que estava), tinha que me manter vivo apesar da saudade, apesar da perda recorrente.

Também tinha que lutar com algo muito forte, que só aqueles que estão bem próximos é que sabem o que eu estou passando, sabem como eu tenho lutado, pois não é fácil, não sabem como é praticamente renascer e, antes que estivesse forte de novo, levar uma nova paulada.

Juro, não fosse a esperança que tenho ainda de voltar a conviver co meu filho, mesmo que o pouco que tinha antes (2 de 7 dias na semana), passando 2 horas com ele dois dias no meio da semana, eu não estaria escrevendo isso, teria deixado não mais que o poema abaixo para as poucas pessoas que estão nos confortando falarem algo de mim, para os tantos que talvez perguntassem um dia.

Meu carinho todo especial para aqueles que sempre que nos encontram nem falam nada, só olham, abraçam, em silencio e abraçam mais forte, por mais tempo. Por que nada pode confortar um pai, que por puro capricho de "alguém", é obrigado a "abandonar" seu filho.

Eu torço para que o casamento de todos os meus amigos, inclusive os que me abandonaram, nunca fracasse, por que ser punido por seu fracasso através do sofrimento de seu filho só encontra paralelo no "A Escolha de Sofia", assistam de novo e vão enteder minha dor, aquela, da hora em que ela finalmente fala a verdade, fala sobre o que ela fez, sobre sua escolha, não a dor pela perda, mas a dor pela escolha, essa vai perturbá-la pelo resto da vida, essa que acaba com ela, ela que esta presente todos os dias.

Essa é minha dor, sempre que entro no quarto do meu filho, sempre que alguém liga qualquer música no aparelho de som dele, sempre que vejo seu nome escrito com lixa na parede. Essa dor, eu não desejo para ninguém, é muito pior do que o luto, muito, por que ao menos se fosse luto eu podia me permitir seguí-lo, mas essa dor, essa perda, em que não o tenho, mas que tenho que me manter aqui, vivo, forte, feliz para que ele possa, um dia, ter alguém para confiar, alguém que não coloque seus próprios caprichos acima dos seus sentimentos mais fortes.

E se algum dos meus amigos ou ex-amigos que me abandoram quiserem voltar atrás, só peço uma coisa, que comece de forma sincera, aberta, por que é o melhor jeito, não dá mais para aguentar mentira e falsidade.

Eu sei que foram faladas muitas mentiras, eu sei que aqueles que quiserem verificar o que está por trás daquilo que acreditaram vão se sentir mal, eu sei por que assim minha própria mãe se sentiu quando a máscara caiu e, se até ela foi enrolada por tantas mentiras, por que um amigo de 10, de 5 anos não seria? Só não mente mais pra gente não, não tenta dizer que não fez o que fez, que a gente sempre sabe de mais coisa do que se imagina, mentira sempre tem perna curta e falsidade machuca mais que traição.

VERSOS ÍNTIMOS

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

sexta-feira, junho 04, 2004

Tentando me manter vivo

A partir de que o caso da minha ex-mulher tentando controlar minha vida usando meu filho como instrumento de chantagem foi parar na Justiça, achei melhor não falar mais nada, pois estou contaminado com muitas das coisas que estão rolando por lá, profundamente magoado com as inverdades postas lá por ela e, até agora, e, portanto, poderia acabar soltando alguma informaçã confidencial.

Minha defesa está de alto nível, nenhuma baixaria, tudo sustentado por provas e testemunhos idôneos, estou sobrevivendo na luta para reaver meu direito de conviver com nosso filho, e é essa luta que me mantém vivo, além do apoio da minha companheira, sem ela já estaria destruído.

Não sei se é bom nem dar meus atuais conselhos para aqueles que pretendem ter filhos. Filhos são a coisa mais maravilhosa que pode existir, mas algumas precauções bem pragmáticas e perfeitamente instrumentalizadas saem bem mais baratas que custas processuais, e olha que eu só estou nos dois primeiros meses de processo. Talvez meu blog possa se transformar num manual prático para (de)selecionar a mãe de seus filhos.

segunda-feira, maio 10, 2004

Mais uma ação truculenta, mais sofrimento, uma nova batalha

Impressionante a expressão sádica das duas que se pretendem donas do meu filho e que o tratam como um pedaço de terra que buscam grilar. Eu havia prometido a mim mesmo que não seria eu a escrever a página negra escrita por ela a partir do dia 28/04, enquanto fingia me tratar bem, que eu não iria entrar na justiça para brigar pela guarda.

Ela entrou, conseguiu um despacho provisório e nem me avisou, só me avisou disso quando, sexta-feira, no momento em que fui buscá-lo, cuidou-se de se investir do todo o sadismo possível para me comunicar que não mais deixaria eu pegar o Cauê que, talvez, no próximo final de semana, iria me deixar passear com ele por algumas horas e que não mais ele poderia dormir em nossa casa e isso, somente se ele ficasse bom da gripe ou resfriado do qual ele não se cura desde logo depois que ela voltou da Suecia.

Sequer ela se preocupou que, se fosse conseguir me impedir de conviver com o Cauê ou restringir essa convivência a intervalos de 15 dias como colocou para mim e para minha mãe, o Cauê mereceria, ao menos, o respeito de um período de transição, mas eu prometo a todos que enquanto tiver forças, lutarei para conviver com meu filho e para impedir que ela o leve para a Suécia.

Acho difícil que a primeira audiência se encerre em acordo amigável, se fosse essa a intenção dela, ela não estaria fazendo isso pelas costas e nem estaria me impedindo, agora, de estar com o Cauê, mas a maior parte das testemunhas eu já tenho, boa parte das provas também, minha maior preocupação é com o tempo, quanto tempo vai levar para que se regularize a situação do Cauê e com o sofrimento dele nesse período.

É impressionante, enquanto eu estava procurando orientação com psicológos de como responder às necessidades do Cauê, ela procura a de advogados, acho que essa sempre será a diferença entre nós e mostra o quanto ainda terei que lutar para garantir o bem estar do meu filho.

A, a acusação? A oficial eu ainda não sei, mas a que ela pois para mim e para minha mãe ao telefone, de que o Cauê tem estado irritado, agressivo, que não tem dormido direito enquanto está com ela, isso enquanto em minha companhia ele é a criança mais meiga e carinhosa que todos os que convivem conosco já conheceram.

Enfim, uma das possíveis testemunhas profetizou que o Cauê seria muito, muito feliz por contar com uma família como a minha para apoiá-lo, que ele próprio nunca se sentiu tão bem num ambiente como quando conviviu conosco na praia uma vez, quando o Cauê estava junto, vou lutar para que sua profecia se torne absolutamente real, mas, no mínimo, tenho a certeza que muito em breve eu e meu filho voltaremos a sambar juntos toda sexta-feira. Amém.

domingo, abril 25, 2004

Aparente calma

Não sei até que ponto está tudo bem, verdade que houve uma mudança da água para o vinho, mas posso confiar? Por enquanto não tenho outra escolha, vou seguindo acreditando que as pessoas podem, "no fundo, no fundo" serem boas e, enquanto está tudo bem, posso fazer tudo para deixar meu anjinho feliz.

As últimas fotos dele saíram lindas, estou pensando em fazer um ensaio para decorar o quarto dele, queria contar com todas as pessoas importantes para ele, não só pessoas, mas coisas também, quero fazer uma parede mural no meu primeiro ensaior 100% digital.

domingo, abril 18, 2004

"Vamos pra casa, babo. Pega a bolsa. Vamos pra casa"

Assim saímos da casa da minha ex-sogra, com essas palavras de meu filho de um ano e oito meses, depois de uma vigília de 15 horas em frente à casa dela, depois de ouví-lo, meu filho, chamano por mim à noite, esperando que eu pudesse pegá-lo.

Desde a última aventura do meu filho no hospital, no mesmo dia em que passou a madrugada lá se reidratando, e à tarde, quando chegava na casa da minha ex-sogra, estava voltando uma vez que a mãe dele, colocando o conta-gotas dentro de sua boca, deixou que ele mordesse e espatifasse, um sufuco, eu estou comprometido em fazer o possível para um relacionamento positivo com a outra família do meu filho.

Eu até acreditava que estava tendo sucesso, mas dados os últimos acontecimentos, eu fico sem saber o que fazer. Sim, minha ex gostaria que eu deixasse minha mulher atual, acusando-a de todas as formas, mas não creio que possa ou deva permitir que ela continue gerenciando minha vida através da arma poderosa que tem.

Enfim, fui buscá-lo na sexta, como todo final de semana, ela se negou a deixá-lo vir comigo, fiquei lá até que ela deixou, sem qualquer agitação, sem qualquer violência, em uma vigília absolutamente pacífica. Não sei se serviu para algo, mas era algo que eu tinha que fazer, não podia simplesmente deixá-lo lá mais uma vez e voltar para casa, esperando para ver meu filho novamente quando elas tivessem vontade.

Quanto à Di, só tenho que agradecer que tenha voltado à minha vida nesse momento tão difícil para mim, acho que se não a tivesse reencontrado ja teria enlouquecido, "te amo muito" é o que posso dizer a ela.

Quanto às pessoas que estão participando desse jogo psicótico, bem, espero que possam buscar ajuda, se tratar e se retratar, não só comigo, mas com todas as pessoas que estão sendo feridas no mundo real que não atende à fantasia semi compartilhada que se formou em torno do Cauê.

Digo apenas que não deixei de sofrer, de chorar, de me desgastar durante essa vigília, diante do que ainda aconteceu quando finalmente me chamaram para conversar dentro da casa delas e pude rever meu filho.

Ah, ele não poderia vir por que estava doente desde terça-feira, quando não pude passear com ele, apesar de estar aparentemente bem, a essa hora ele dorme como um anjo, ontem ainda tossiu algumas vezes durante a noite, mas acordou super bem, embora super cedo, já quando vinha no carro sábado pela manhã falou de todas as pessoas, brinquedos, lugares com quem conviveu recentemente, até da bisavó dele, que mora em Florianópolis ele falou.

Foi um dos melhores finais de semana que já passei com ele, pois está, neste momente dando mais um grande salto, está interagindo perfeitamente, questionando o que lhe é posto, demonstrando muito carinho, brincando de faz-de-contas mais sofisticados e, o que foi mais lindo, jogou bola comigo, no sentido de jogo coletivo, tão lindo, tão lindo.

Acho que nunca me emocionei com ele tantas vezes, com as coisas que ele fez ou disse, como nesse final de semana. Por outro lado, ele já percebe claramente que está sendo cerceado, também voltou a ter medo de me perder, a querer ficar em meu colo ou em volta de mim o tempo todo. Como ele me viu no sábado ele pode não saber que eu o esperava desde o dia anterior, mas ele sentiu e sofreu tanto ou mais que eu a violência, mas nossos anjos nos protegeram e nos daram as cores que faltam em nossas vidas muito mais breve do que se pode imaginar.

sexta-feira, abril 16, 2004

Recomeçando a sofrer

Infelizmente, as páginas negras deste blog não perdem seu sentido, ficaram para trás, superei-as, mas sou constantemente remetido aos arquivos pelas atitudes truculentas de minha ex, que agora me impede de ficar com meu filho este final de semana, sob a alegação de ter passado doente ontem.

Se houvesse qualquer coisa que se pudesse falar contra mim quanto aos cuidados com ele, em vez disso, apenas para narrar o dia de sua viagem de 15 dias, que se tornaram 26 dias à Suécia, ela deixou que ele ficasse desidratado a ponto de ter que passar a noite toda, até de manhã no hospital em reidratação e, nesse mesmo dia em que viajou, colocou um conta-gotas de vidro dentro de sua boca, que ele mordeu e ampliou sua jornada de sofrimento até 21h daquele dia, quando a mãe já havia embarcado para a Suécia.

Então, retoma-se o drama dos primeiros posts, embora numa variação em que estou mais maduro, mesmo assim, incapaz de sofrer menos por ser privado do convívio com meu filho.

Hoje vou buscá-lo, não sei quando vou trazê-lo para passar dois dias comigo, mas tenho o intento de lá ficar até que aconteça, não tenho mais ânimo para briga ou discussão, quem dera conseguisse sensibilizá-la.

quinta-feira, março 11, 2004

Está quase acabando

Esse blog já era para ter sido encerrado, já era para eu ter colocado o último post, por que posso dizer que as páginas estão bem fechadas, não que não existam mais danos a lutar por sua recuperação, afinal ser pai de fim de semana está longe de ser o que eu quero, mas estou num período maravilhoso, desde antes do Carnaval a mãe do meu filho está na Suécia conhecendo a família do namorado dela e o Cauê está comigo durante esse período, visitou os avós várias vezes, mas pode passar o dia com a certeza de que eu chegaria até o final do dia e, dia após dia, ele foi se tornando mais seguro, mais autônomo, mais independente, mais vivo, sem precisar requisitar tanto meu colo.

Fica a certeza de que embora não possa dar a ele tudo que ele merece, tudo o que posso dar, viver com ele, representa algo muito forte para nós, tantas coisas que ele passou a conseguir fazer com total autonomia, até frases completas ele já faz, utiliza artigos e tudo.

Amanhã acaba, mas não é tempo de reclamar, foi sim, muito bom, foi nosso melhor momento desde há muito tempo, talvez desde que ele nasceu, amanhã acaba, mas aquilo que fica em cada um de nós durará para sempre.

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Pai sobe em guindaste ao lado do Tâmisa e pára Londres

Londres - David Chick é um homem indignado. E um imã para atrair a indignação de outros. Desde sexta-feira, esse pai de 36 anos sentou-se no alto de um guindaste de 37 metros de altura, ao lado da Tower Bridge, em Londres, vestido de Spiderman, num lance para atrair a atenção para a situação de pais que não têm acesso a seus filhos.

[...]


O protesto solo de Chick é apoiado pelo Fathers 4 Justice, um grupo que tem atraído a atenção para o tema dos direitos dos pais com uma série ruidosa de manifestações. No ano passado, 200 membros do grupo, vestidos de Papai Noel, protagonizaram uma cena teatral num escritório da promotoria. No mês passado, dois membros vestidos como Batman e Robin escalaram um edifício do Tribunal Superior.

[...]


“É como uma humilhação ritual”, diz o pai divorciado Harrison, de 45 anos, que afirma não ver a filha de 12 anos há dois anos. “Você é levado ao tribunal e deixado nu.”

“Coisas como essa mudarão as coisas”, diz, mostrando o guindaste.

[...]


Jill Lawless/AP Texto integral em http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=-1606451147

O mundo e o quotidiano

Por que às vezes as pessoas se dizem defensoras do outro enquanto fingem não ver que o estão prejudicando? Que o estão fazendo sofrer? Lembram-me os déspotas que saem à guerra dizendo-se amparados por deus, seu deus, que exige que se mate e que se morra em seu nome, que bradam "deus nos abençoe" ao mesmo tempo em que mísseis são disparados e acertam o quarto da menina que sonhava em ser bailarina quando crescesse.

Não é óbvio que deus nenhum aprovaria isso? A maioria dos deuses que hoje conheço são a própria utopia humana, não caberia a esse ideal de humanidade fazer sofrer, é óbvio que não.

Bem, mas também é óbvio que privar uma criança de um convívio equilibrado, equivalente com seu pai e sua mãe é algo nocivo. Cedi ao desejo de minha ex-mulher para que meu filho não mais ficasse comigo nas quartas à noite e dormisse em minha casa, a primeira quarta foi na semana passada e, quando fui deixá-lo hoje, depois de algum tempo em que ele já ia numa boa para ela, hoje ele não quis se separar de mim, como era antigamente, demonstrando, como sempre faz, que quer mais de mim, que quer conviver mais comigo, mas talvez o objetivo dela seja ir conformando ele em conviver menos e menos comigo, talvez, talvez sonhe, em nome "do bem dele" que vá me esquecendo aos poucos.

O que me resta é compensá-lo de alguma forma pela perda de menos um momento comigo e da falta que isso faz.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Discriminação e preconceito

Sempre me emocionei com a lutas contra a discriminação e o preconceito, sempre me empolguei com as lutar por direitos, como direitos das crianças e dos adolescentes, das mulheres, mas, confesso, sempre me vi dentro dos grupos majoritários, em que seus direitos estavam bem protegidos, ao menos aqueles bem básicos, e bem entendidos pela constituição e tantas outras leis complementares.

Agora, incrível, sou discriminado e sofro de preconceito por ser pai, sou acusado de querer ser mãe e não aceitar meu papel de pai, sou acusado por ser muito apegado ao meu filho, sou acusado por ter uma relação muito próxima com meu filho, sou acusado por querer vê-lo todos os dias, por querer brincar com ele, por querer conviver com ele, por querer ser pai dele.

E, apesar dos direitos básicos constitucionais, do Estatuto da Criança e do Adolescente e de tantas outras leis garantirem os direitos que eu e meu filho temos de estarmos juntos, de que eu possa participar da educação, da formação da personalidade, da vida dele, corre o risco de ser uma briga dura, não é uma coisa do tipo que se resolve facilmente, ainda é imatura a jurisprudência, as conquistas dos pais ainda são muito recentes.

E como não se trata de ser "mártir" só, eu teria que tornar também meu filho um "mártir" e ele tem todo o direito de não sofrer do mesmo romantismo que eu, eu, recentemente, cedi do direito de passar de quarta para quinta feira com ele, era importante para ambos e existem testemunhas disso, em troca, vou ter direito a dois passeios durante a semana, de duas a quatro horas, afinal, ele está se recuperando de todos vários problemas de saúde agora, eu não posso deixá-lo em meio a mais uma guerra.

Mas não posso deixar de manifestar meu repúdio a essa sociedade que não recrimina a mães e pais que não lutam para estabelecer o melhor convívio possível com os pais de seus filhos, que não percebem, que crianças não são culpadas de sua imaturidade.

Por que as mães de pais separados acham que para manter o amor de seus filhos precisam afastar o pai o máximo possível? Não percebem ela que quanto mais amor verdadeiro uma criança receber, mais ela vai amar? Por que a violência gratuíta? Se a mãe do meu filho não consegue manter-se próxima de mim por ainda não ter resolvido bem a separação, que culpa o Cauê tem? Que culpa eu tenho?

Eu sei que a justiça está amadurecendo rápido, que em poucos anos será claro para todos a importância de não se romper os laços da criança com o pai, mas o tempo do meu filho e o meu são mais acelarados que o tempo da história. Às vezes me pego pensando em criar camisetas com frases como: "Deixe-me ser pai do meu filho", "Orfãos de pais vivos" ou coisas parecidas.

Digo isso, por que apesar de ter registrado um acordo, ontem, quando deixei o Cauê de um passeio, teve o passeio que terminar com um: "Você vai ver o que vai acontecer, o que eu vou fazer com você, me aguarde" e a única coisa que ela tem contra mim, a única coisa que ela pode fazer contra mim e machucar meu filho, é usá-lo contra mim e isso já aconteceu, mas uma simples ameaça dessa não constitui elemento para uma ação, embora a violência, na frente do meu filho, fosse suficiente para prejudicá-lo.

quarta-feira, janeiro 07, 2004

Um pouco mais triste que o normal

Apesar do Cauê estar bem melhor de saúde, registrado pela pediatra dele, ganhou bom peso neste último mês. Agora os remédios receitados são os que eu achava, meses atrás, que o Cauê precisava, ou seja, a crise passou, agora é cuidar do médio e longo prasos. Apesar de todas essas coisas boas, algo de hoje, a brutalidade atual da Debra, fez com que me lembrasse da audiência de ontem, bem, durante a audiência ela quis saber quando o Cauê seria escutado sobre querer ir com a mãe para a Suécia ou querer ficar com o pai, já que o futuro marido dela é sueco e, segunda ela na audiência, ele vem para o Brasil mas vai querer voltar para o seu paí­s e ela seguirá com ele.

O que foi mais difí­cil, entretando, foi que quando sestávamos voltando e ela me acusando denão pensar no Caêª, eu a questionei por estar se casando, sabendo que, caso o Caê opte por permanecer no Brasil, ela vai deixá-lo e partir para o outro lado do oceano e, imagina por que estou triste, ela disse que vai perguntar, exigir uma resposta, mas se ele decidir ficar, ela não vai, ou seja, será uma criança, um adolescente, sendo chatageado com um blefe pela própria mãe.

Eu me pergunto como uma pessoa pode ser tão má, como uma mãe pode estar planejando, criando uma situação em que já, de ante mão, sabe que seu filho terá de escolher, com 12 anos, entre o pai e a mãe, mas não entre morar com um ou com outro, mas qual dos dois vai deixar para trás ou deixar partir. Tudo bem, 10 anos é muito tempo, vamos torcer para que nunca chegue essa hora, será melhor para todos.

Felizmente, posso dizer que fechei a gestalt no último final de semana, não há nada mais pendendente à minha ex-mulher, entendi melhor muitas das coisas que aconteceram enquanto estivemos juntos e, até ainda no último ano, até nesse último final de semana. Ela está novamente me odiando gratuitamente, dessa vez mais gratuitamente do que nunca, talvez por se sentir ameaçada de alguma forma por mim.

Enfim, agora sim, posso me considerar pronto para recomeçar minha vida, não que isso me prive do sofrimento ocasionado pela maldade da minha ex-mulher e de sua mãe, embora agora eu tenha certa curiosidade para saber até que ponto a mãe dela não está receosa de ter exagerado no veneno e estar prestes a padecer de seu próprio veneno. Só não me alegro, pois é certo que há veneno suficiente para meu filho e para mim nesse mesmo bote.

Vou ver se cato o próximo post na parede do meu ex-quarto, ele vai fechar esse capítulo, é muito simbólico.

sábado, janeiro 03, 2004

Going to say good bye to 2002/2003, time is out

Acho que estou mais perto de fechar minha gestalt em relação à minha ex-família, algumas peças estão se encaixando melhor, pouco a pouco e está começando a se formar uma figura mais clara, especialmente em relação às últimas semanas, que foram tudo de complicadas. Embora eu não tenha compartilhado quase nada sobre esse momento com vocês, fiquei feliz de não ter feito o encerramento ainda, no fundo eu sentia que ainda não estava tudo resolvido. Eu estava quase colocando o texto que vai encerrar esse blog, ele já existe e, apesar de já ter mais de um ano, permanece com uma atualidade fantástica.

Tá que têm coisas na cabeça das pessoas que eu nem sonho entender, não consigo, entender minha própria vida, especialmente em relação à mãe do meu filho, talvez tentar entendê-la já suga toda minha capacidade de compreensão, de tentar resolver, sinto mais todo o resto pode esperar, não vou tentar entender o que se passa na cabeça de todo mundo, vou buscar minhas soluções para os problemas do mundo moderno.

Apenas estou torcendo para que as coisas não atropelem mais o Cauê, que ele aprenda a falar, a expressar seus sentimentos e não precise somatizar tudo, mas eu deixo os detalhes para quando eu conseguir fechar, está perto, muito perto, agora eu sinto que está perto de verdade.