sábado, julho 02, 2005

Eu, que continuo me emocionando com coisas boas, acho que é por isso que eu estou bloqueado, "não consigo mais botar ovos". Visitem o link, pois vale à pena.

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Fragmento de inspiração

As articulações prosseguem. É possível que a edição 0 não saia da idéia inicial pensada para julho, pois a viagem coletiva vai precisar de mais tempo para ser organizada, poderá ser o número um, talvez já para o mês de setembro. Então estamos divagando sobre as possíveis pautas para o número zero. Conversando acabamos chegando a este fragmento. Vamos conversando, pois acredito que poderemos encontrar subsidios para uma boa cobertura.

Vou procurar essa tese na biblioteca, lógico!

Folha - Então exatamente o que é o turismo sexual?

Piscitelli - Os viajantes à procura de sexo querem mulheres que façam programa e também mulheres que não façam. Não é apenas troca de sexo por dinheiro. Há uma romantização, há um jogo de conquista e, às vezes, até sentimentos. A pesquisa me levou a questionar o conteúdo que nós damos à palavra prostituição. Por exemplo, uma moça de classe média que se relaciona com um estrangeiro e é convidada por ele a visitá-lo na Europa, ganha a passagem e um celular, nós não pensamos que está fazendo prostituição. Mas uma garota, por exemplo uma garçonete que recebe presentes de um estrangeiro, é imediatamente vista como uma garota de programa. Então exatamente o que é prostituição? É a troca de sexo por dinheiro? E por que troca de sexo por dinheiro de maneira não imediata para a classe média não é visto como prostituição e para a classe baixa sim?

Folha - Que tipo de sonhos elas têm em relação aos estrangeiros?

Piscitelli - As diferenças, em termos das motivações pelas quais elas se relacionam com os estrangeiros, variam de acordo com a classe social e a idade das mulheres. Mas o sonho de casar com estrangeiros é uma idéia geral do universo feminino de todas as classes sociais. É uma idealização do estrangeiro e uma desmoralização do homem local.

Folha - Que tipo de desmoralização?

Piscitelli - Dizem que os estrangeiros são mais românticos, mais generosos, mais fiéis. Na verdade, tudo o que elas dizem que eles fazem eles fazem mesmo. Mandam flores, presentes, preparam café da manhã, assim como qualquer homem que quer conquistar. O que não deixa de ser uma atitude de sedução para obter sexo.

Folha - Você foi à Itália no ano passado entrevistar o mesmo grupo de garotas com quem havia falado em Fortaleza. Essa visão continuou lá? Qual a realidade dessas moças na Itália?

Piscitelli - O contexto muda completamente. Aquela visão romantizada não existia mais. Eles não eram mais tão bonitos como eram aqui, nem tão ricos quanto pareciam. Muitos são de classe média. As moças que entrevistei na Itália, que eram de Fortaleza, se ocupam de praticamente de todos os trabalhos domésticos sozinhas, com exceção do supermercado. E, além disso, trabalham fora para poderem mandar dinheiro para o Brasil, para a família. Todas as que conheci de camadas média baixa e baixa têm uma interação intensa com o Brasil e muito desejo de ter uma mobilidade social aqui. Então fazem todos os esforços para isso, para, quando vierem para cá, poderem mostrar que 'deram certo' lá.

Folha - A maioria das que foram conseguiram se casar e formar família?

Piscitelli - Do universo com o qual eu trabalhei, sim. Entrevistei moças que tinham conhecido italianos em Fortaleza e os visitaram como se estivessem fazendo programa por um determinado tempo e depois voltavam trazendo dinheiro. Outras que conseguiam apenas presentes e roupas de grife e voltaram sem dinheiro nenhum. As que ficaram lá formaram família. Apenas uma afirmou que amava o marido, e isso era visível. As outras disseram ter carinho, gratidão. Quando elas não conseguem casar, geralmente voltam. Por isso digo que nem todo o universo vinculado ao turismo sexual pode ser considerado prostituição e nem prostituição profissional. Na viagem que fiz à Espanha, no fim do ano passado, para um alargamento dessa pesquisa, falei com moças que já faziam programas aqui e foram para lá para continuar fazendo nas mesmas condições, mas para ganhar em euro. É diferente.

Folha - E as que casaram? Que vida têm na Itália?

Piscitelli - Elas têm um controle enorme em cima delas, pairando sempre o estigma de que podem ter sido prostitutas, principalmente para a família dos maridos. O controle acontece de todos os lados. Elas têm de trabalhar, mas é sempre na loja da família, no supermercado de um amigo, sempre sendo vigiadas. O policiamento corporal também é forte, decotes são censurados. As brasileiras são valorizadas de maneira positiva como sensuais, bonitas, carinhosas. Mas há fantasmas que anulam essa valorização. Um deles é o da exploração econômica e outro, o da infidelidade.
Acabo a noite em plena felicidade. Um casal amigo vai ter gêmeos. Todo meu desejo de carinho, ternura e amor para essa família que agora se transforma e se torna ainda mais linda. Realmente fiquei feliz. Gêmeos é algo legal, acho que eu queria ter gêmeos um dia, talvez por isso tenha ficado tão feliz, talvez simplesmente pelo carinho que tenho pelo rapaz que vai ser pai, talvez pela minha certeza de que serão bom pai e boa mãe.

Saber que uma nova criança vem ao mundo é mesmo um momento mágico, abrem-se tantas esperanças, a esperança de fazer tudo de melhor, de proporcionar um mundo mágico de amor, de proporcionar confiança, de proporcionar ternura, carinho e segurança. É um momento em que tudo em torno de nós perde importância.

Eu vou ser tio daqui uns dias. Meus amigos vão ter gêmeos. É a vida que continua e com a vida nossos ideais de um mundo mais feliz fazem coro em nosso coração, temos que preparar um mundo melhor, temos que nos tornar pessoas melhores, temos simplesmnete que amar, amar, amar muito.

segunda-feira, junho 27, 2005

Quando uma pessoa abre uma lata de leite condensado e mistura com leite em pó integral e côco ralado é sinal claro que não está bem. Droga-se da maneira mais primitiva, tenta superar a tristeza na busca de um aconchego infantil. Tem consciência do mal que está fazendo a si, mas insiste no processo auto-destrutivo em busca de um equilíbrio perdido.

Destruição enquanto tenta se salvar do terror de enfrentar as cruezas da vida. Não se deve viver se não se quer sofrer.

Quando a felicidade se encerra em sofrimento o grito engasga.
Há sempre uma história mais triste que a nossa e há sempre alguém sofrendo mais em nossa própria história. Às vezes esse sofrimento ocorre por nossa própria culpa, nós que deveríamos proteger, não o fazemos. Nós que deveríamos afagar, não o fazemos.

Sempre temos uma desculpa para nos esquivar de nossa responsabilidade. Em última instância podemos transferir a culpa para o Estado, que não somos nós e nos recomenda a passividade diante do sofrimento do outro. É o sistema, podemos pensar.

A dor, no entanto, não aceita nossas desculpas e nosso coração nos alerta de que um mal maior está em andamento, enquanto isso, permanecemos passivos, deixando que o outro nos dite o destino, tal qual abençoado pelo Estado. Como se o Estado algum dia ligasse para o sofrimento de um, dois ou três indivíduos.

O que são algumas pessoas diante do caos global? Para o Estado não significa nada, para a sociedade não siginficada nada. Todos esperam por sangue, é o sangue que comove as multidões, se não há sangue, há qualquer bobagem, coisa de gente fresca. Direitos Humanos? Encaremos os fatos, vivemos em uma sociedade amplamente reacionária, onde os direitos básicos são negados aos humanos, até daqueles dos quais somos parentes.

Negamos os direitos básicos do homem, quem dirá da criança, dos nossos filhos. Assistimos passivamente à crueldade com que nossos vizinhos, nossos conhecidos, por vezes nossos amigos ou parentes tratam crianças indefesas. Pensa a maioria que os filhos são mero objeto sobre o qual podem praticar seu sadismo e para isso tem o apoio de todos, da polícia, do Estado dos avós, dos tios, afinal, de toda a sociedade.

E são esses malditos sádicos perversos, que são a maioria e por isso são tão fortes e imputáveis ainda, que reclamam da violência, da criminalidade. Reclamam-se vítimas de bandidos enquanto reforçam a violência em sua própria casa enquanto meio de formação da criança. A criança nada é, nada pode, é estuprada em sua dignidade todas os dias, todas as horas.

Ora, quando se ensina violência, só se pode esperar violência, afinal as crianças crescem e já que cresceram aprendendo que o outro não tem valor, que não merece respeito, que a forma de se levar acabo seus desejos, sejam eles quais forem é passando por cima do outro, não importa quando e quanto tenha que ferir esse outro, quando adultos, é dessa forma que vão agir.

Teremos sim, sem dúvida, uma sociedade mais violenta, mas por culpa, em primeiro lugar, dos pais e mães, dos avôs e avós, dos tios e dos amigos, por minha própria culpa quando presencio a violência e nada faço além de sofrer um sofrimento inútil, que a nada leva, que nada constrói, que tão somente destrói meu dia.

Quando fazemos comida acabamos sujando a louça, eu preciso me tornar uma boa pessoa, eu preciso lavar a louça...

O mundo anda tão complicado por Legião Urbana

O Mundo Anda Tão Complicado

Legião Urbana: Composição: Renato Russo

Gosto de ver você dormir
Que nem criança com a boca aberta
O telefone chega sexta-feira
Aperto o passo por causa da garoa
Me empresta um par de meias
A gente chega na sessão das dez
Hoje eu acordo ao meio-dia
Amanhã é a sua vez
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você.
Temos que consertar o despertador
E separar todas as ferramentas
A mudança grande chegou
Com o fogão e a geladeira e a televisão
Não precisamos dormir no chão
Até que é bom, mas a cama chegou na terça
E na quinta chegou o som
Sempre faço mil coisas ao mesmo tempo
E até que é fácil acostumar-se com meu jeito
Agora que temos nossa casa
é a chave que sempre esqueço
Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um p'ro outro:
- Estou com sono, vamos dormir!
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo
Por amor