domingo, abril 18, 2004

"Vamos pra casa, babo. Pega a bolsa. Vamos pra casa"

Assim saímos da casa da minha ex-sogra, com essas palavras de meu filho de um ano e oito meses, depois de uma vigília de 15 horas em frente à casa dela, depois de ouví-lo, meu filho, chamano por mim à noite, esperando que eu pudesse pegá-lo.

Desde a última aventura do meu filho no hospital, no mesmo dia em que passou a madrugada lá se reidratando, e à tarde, quando chegava na casa da minha ex-sogra, estava voltando uma vez que a mãe dele, colocando o conta-gotas dentro de sua boca, deixou que ele mordesse e espatifasse, um sufuco, eu estou comprometido em fazer o possível para um relacionamento positivo com a outra família do meu filho.

Eu até acreditava que estava tendo sucesso, mas dados os últimos acontecimentos, eu fico sem saber o que fazer. Sim, minha ex gostaria que eu deixasse minha mulher atual, acusando-a de todas as formas, mas não creio que possa ou deva permitir que ela continue gerenciando minha vida através da arma poderosa que tem.

Enfim, fui buscá-lo na sexta, como todo final de semana, ela se negou a deixá-lo vir comigo, fiquei lá até que ela deixou, sem qualquer agitação, sem qualquer violência, em uma vigília absolutamente pacífica. Não sei se serviu para algo, mas era algo que eu tinha que fazer, não podia simplesmente deixá-lo lá mais uma vez e voltar para casa, esperando para ver meu filho novamente quando elas tivessem vontade.

Quanto à Di, só tenho que agradecer que tenha voltado à minha vida nesse momento tão difícil para mim, acho que se não a tivesse reencontrado ja teria enlouquecido, "te amo muito" é o que posso dizer a ela.

Quanto às pessoas que estão participando desse jogo psicótico, bem, espero que possam buscar ajuda, se tratar e se retratar, não só comigo, mas com todas as pessoas que estão sendo feridas no mundo real que não atende à fantasia semi compartilhada que se formou em torno do Cauê.

Digo apenas que não deixei de sofrer, de chorar, de me desgastar durante essa vigília, diante do que ainda aconteceu quando finalmente me chamaram para conversar dentro da casa delas e pude rever meu filho.

Ah, ele não poderia vir por que estava doente desde terça-feira, quando não pude passear com ele, apesar de estar aparentemente bem, a essa hora ele dorme como um anjo, ontem ainda tossiu algumas vezes durante a noite, mas acordou super bem, embora super cedo, já quando vinha no carro sábado pela manhã falou de todas as pessoas, brinquedos, lugares com quem conviveu recentemente, até da bisavó dele, que mora em Florianópolis ele falou.

Foi um dos melhores finais de semana que já passei com ele, pois está, neste momente dando mais um grande salto, está interagindo perfeitamente, questionando o que lhe é posto, demonstrando muito carinho, brincando de faz-de-contas mais sofisticados e, o que foi mais lindo, jogou bola comigo, no sentido de jogo coletivo, tão lindo, tão lindo.

Acho que nunca me emocionei com ele tantas vezes, com as coisas que ele fez ou disse, como nesse final de semana. Por outro lado, ele já percebe claramente que está sendo cerceado, também voltou a ter medo de me perder, a querer ficar em meu colo ou em volta de mim o tempo todo. Como ele me viu no sábado ele pode não saber que eu o esperava desde o dia anterior, mas ele sentiu e sofreu tanto ou mais que eu a violência, mas nossos anjos nos protegeram e nos daram as cores que faltam em nossas vidas muito mais breve do que se pode imaginar.