terça-feira, abril 05, 2005

Percebo-me subindo um tablado, talvez formado por caixas de mercadorias, há uma entrada, por onde subimos, eu e um colega da mesma idade que eu, temos três anos, não mais que isso, não menos que dois, caminhamos pelo tablado, a sensação que tenho é a de estar em um depósito, algo como exportação ou importação de mercadorias, sinto que existem equipamentos pesados, empilhadeiras, mas não as vejo, de fato, não vejo através dos meus olhos, mas vejo a mim mesmo, vejo minhas expressões, percebo meus sentimentos, eu me sinto apreensivo e, principalmente, angustiado, eu paro, meu amigo, talvez meu irmão, talvez meu eu ou algo de mim, prossegue, percebo-me no colo de um adulto, talvez meu pai, algo de horrivel acontece, não vejo o que é, vejo apenas minha expressão, eu baixo minha vista, esse adulto, que me tem em seus braços, é como se ele apreciasse o que aconteceu, o que poderia ter evitado, sinto-me péssimo por nada ter feito, apenas me quedei paralisado, não esperneei, não gritei, não chorei, aquele que em mim confiou, que seguiu seus passos emprestando a confiança que eu tinha naquele lugar, naquele adulto, acabou por sofrer um impacto imensurável em sua vida, algo de que nunca poderá se recuperar, eu nada fiz, nem chorei...