Relacionar "O grande perdedor" do SBT, com "O Aprendiz" da Record, estou pensando em produzir a edição da Esfera Pública de amanhã relacionada a isso:
- http://www.pailegal.net/forum/viewtopic.php?p=21444#21444
- http://ofuxico.uol.com.br/noticias/notas_160611.html
Há uma citação do Foucault falando sobre o exercício do poder sobre o corpo passando de uma relação de controle-repressão para o controle-desejo, no outro tem a própria questão da mulher que em um reality show, com share significativo, em que a mulher ganha em alcançar um ideal de beleza, então de poder ficar nua, ganha dinheiro e ainda sai com um namorado...
Se iniciarmos a reflexão através dos antigos programas de miss, onde as mulheres ideais eram exibidas "em uma bandeja" para a atual situação em que as pessoas são exibidas justamente por se tornarem capazes de alcançar um ideal ou de se aproximar disso...
Sem falar nas pesquisas da Catho que dizem que ganha mais quem é bonito, alto, magro e, claro, não tem tatuagem. Poderia se comparar o reality show "O Grande Perdedor" com "O Aprendiz", comparar os corpos também, o foco, um quem está mais preparado para o sucesso, outro de quem deve se recuperar da humilhação...
Alguém colabora: Acho que o tema pode ser abordado de outra forma, não como uma relaçao entre O aprendiz e O grande perdedor. Na realidade acho que existem outros programas e concursos menos conhecidos que poderiam ser explorados de uma maneira melhor nessa relaçao, por exemplo, agora tem concursos de miss fabricadas, onde só podem entrar pessoas q foram realmente "construidas" pelos medicos. Nos Estados Unidos tem um programa tipo o grande perdedor, mas no qual as pessoas sofrem intervençoes cirurgicas, como num concurso O grande perdedor com plasticas.
sábado, julho 30, 2005
sexta-feira, julho 29, 2005
Nova aquisição para a minha biblioteca: "O Baú de Nelson Rodrigues" da Companhia das Letras, não vou ler agora, aliás estou pensando se leio mesmo o Robsbawn nesse final de semana, pois na verdade é mais urgente ler "Diferença e Repetição" do Deleuze, que é da biblioteca e tem utilidade imediata.
Estou um pouco frustrado com a quase inexistência de comentários no blog da Esfera Pública, as pessoas não deveriam ter medo de expor seus comentários, de suscitar o diálogo, esse é o objetivo ao final das contas...
Estou um pouco frustrado com a quase inexistência de comentários no blog da Esfera Pública, as pessoas não deveriam ter medo de expor seus comentários, de suscitar o diálogo, esse é o objetivo ao final das contas...
Concluído o primeiro artigo escrito e publicado no blog da Esfera Pública, o tema é interessante, cheio de questões transversais, permeado de possibilidades, é nada além da ponta de um iceberg de tensões fundantes...
Esse final de semana pretendo ler A era dos extremos, do Hobsbawn, já o comecei tantas vezes e não conclui, que chegou um momento em que não tenho mais como adiar.
Esse final de semana pretendo ler A era dos extremos, do Hobsbawn, já o comecei tantas vezes e não conclui, que chegou um momento em que não tenho mais como adiar.
quinta-feira, julho 28, 2005
Pré-esfera, pré-pública
Conforme anunciado há algumas semanas, estão sendo iniciados os trabalhos da Esfera Pública, ainda de forma incipiente, em forma de exercício, mas nem por isso menos importante.
Antes do lançamento da revista, as publicações terão caráter individual, de responsabilidade estrita dos autores, em forma de blog, o endereço do blog é http://www.pre-esferapublica.blogspot.com .
A coluna publicada diariamente neste blog deixará de ser publicada neste espaço e passará a ser publicada, a partir de hoje, no blog da pré-revista Esfera Pública.
Em função disso, as publicações do Anjo Mecanico no espaço Anjo Mecanico retornarão ao caráter íntimo e pessoal anterior.
Vida longa à Esfera Pública!
Antes do lançamento da revista, as publicações terão caráter individual, de responsabilidade estrita dos autores, em forma de blog, o endereço do blog é http://www.pre-esferapublica.blogspot.com .
A coluna publicada diariamente neste blog deixará de ser publicada neste espaço e passará a ser publicada, a partir de hoje, no blog da pré-revista Esfera Pública.
Em função disso, as publicações do Anjo Mecanico no espaço Anjo Mecanico retornarão ao caráter íntimo e pessoal anterior.
Vida longa à Esfera Pública!
quarta-feira, julho 27, 2005
Corrupção e corrupção... Há uma alternativa?
Na história recente do Brasil há um caso recente de cassação de presidente, um presidente que, apesar de compor uma oligarquia, era de um estado fraco, de Alagoas, um estado praticamente sem expressão politica nacional, deixa de contar com o apoio do eleitorado, que já o via como um engodo, que já se sentia por ele não traído, mas enganado, ludibriado, e, principalmente, deixa de contar com qualquer apoio das oligarquias sejam agrárias, sejam industriais ou sejam financeiras.
Atualmente há certa insistência em que o atual mandato do presidente Lula não deve chegar ao fim, aposta-se na capacidade desse ou daquele veículo de comunicação de derrubar o governo, obrigá-lo à renúncia. Isso seria ruim para todos, sem excessão, não deve se tornar fato.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugere que Lula deve abandonar a certeza de se candidatar à reeleição, conselho que pode soar um pouco até como certa chantagem disfarçada. Talvez é isso exatamente o que o PSDB deseja, não derrubar Lula em seu mandato, mas levantar munição para o período das eleições. Tentar impedir a reeleição.
Nas próximas eleições a população terá que escolher entre PT, PSBD, talvez até com alguma chance também PFL e PMDB. Não há, até o momento, qualquer outro partido com possibilidade de apresentar uma canditatura viável, com chances reais de vitória, talvez um Ciro Gomes possa correr por fora nessa disputa, ainda é cedo para que se apontem os possíveis azarões da disputa.
A questão em foco é em que princípios o eleitorado pode fazer sua escolha no próximo ano, uma vez que agora, mesmo o PT, apresenta-se devidamente maculado pela corrupção em nível nacional, então não se trata mais de um caso isolado de corrupção em algum município, mas os demais partidos com chances reais de eleger um presidente também possuem a mancha mal-lavada da corrupção em sua história extremamente recente.
Não é de se admirar que o sistema político busque expurgar aqueles que lhe são de alguma forma estranhos, Fernando Collor era estranho, Lula é até bem conhecido, mas é indesejado, é importante enquanto simbolo, mas não se deseja que se torne reconhecido enquanto estadista, mas em oposição aos corpos estranhos ao sistema político estão os políticos já mais que tradicionais, representantes dos interesses mais arcaicos existentes na nação.
Agora para o eleitorado, não é tão óbvio a pressão tão maior em torno da corrupção do governo Lula, do que foi ao governo Fernando Henrique ou do que é hoje na maioria dos estados e municípios do país, onde a corrupção, sem margem de dúvida, drena massissamente os recursos públicos do Oiapoque ao Chuí, pois para o eleitorado o PT é muito mais próximo de si que qualquer outro dos partidos.
De todos os partidos brasileiros, apenas dois possuem um programa consistente e uma prática coerente com esse programa, são eles o PT e o PSDB, infelizmente os demais têm tão somente arremedos de programas preparados tão somente com fins eleitorais. O PMDB também é um partido grande, mas deixou há algum tempo de ser um grande partido, não se deve esperar um PMDB coeso para as próximas eleições. O PFL, bem, o PFL deve-se reconhecer sua honestidade, pois não disfarça, de forma alguma, que é o mais legítimo dos representantes das oligarquias tradicionais do Nordeste.
Há a hipótese do voto nulo, mas não parece que haverá uma grande capanha de esclarecimento em torno do voto nulo, sendo assim, essa não deve se tornar, mesmo em caso de desmascaramento generalizado da corrupção no governo e na oposição, enquanto opção competitiva, por mais que o eleitorado se torne descrente de seus potenciais representantes, fosse assim o voto nulo teria merecido mais destaque nas eleições das últimas décadas.
O mais importante, que deveria ser o voto comum no partido do presidente, do deputado e do senador, não parece ter se configurado enquanto aprendizado para o brasileiro, por incrível que pareça, há pessoas que se manifestam com orgulho de terem votado no Lula, não no PT.
Lula é presidente, mas o PT ou a coligação PT-PL não formam maioria sustentável na câmara ou no senado, então, são exatamente essas pessoas que são culpadas pela corrupção necessária para a manutenção da base de apoio que hoje se vê desmascarada, não há do que sentir orgulho, há motivo para culpa.
Sendo assim, com a possibilidade de desmoralização do PT e reeleição do Lula o quadro se torna deveras complicado para o próximo mandato, bem como de qualquer candidato que não se eleja em conjunto com um legislativo que, ou lhe de apoio, ou seja formado por partidos e representantes legítimos do eleitorado, o que não acontece ainda no Brasil.
Se é vontade da maioria que exista um governo, então ao menos que esse governo represente minimamente os interesses desse mesmo eleitorado, mas como fazer isso?
A solução está na educação, dirão alguns, mas essa afirmação está duplamente errada, uma que a educação é solução de longo prazo e o que se está discutindo são as próximas eleições, no próximo ano, outra que se a educação é objeto de regulação do governo, aos que estão no governo interessa tão somente se perpetuar no governo, sendo assim a educação deve continuar exatamente tal qual hoje, talvez ainda menos crítica, se possível.
Qual a solução possível para que se chegue a um resultado satisfatório nas próximas eleições federais e estaduais? Se há alguma é preciso se procurar logo, pois o relógio já conta o tempo e as forças políticas tradicionais já iniciaram o jogo eleitoral, o PT e sua militância deve-se demorar um pouco em sua maior ressaca, então o que é possível fazer?
As oligarquias de Minas e São Paulo, leia-se PSDB, já estão preparadas e se sentindo com boas chances, as oligarquias do Nordeste, leia-se PFL, devem buscar um pacto com Minas e São Paulo e, dessa forma, voltar também ao executivo federal. O que o eleitorado que não participa das elites deve fazer diante desse cenário?
Fernando Henrique diria que deve-se deixar tudo a cargo dos intelectuais paulistas, como ele, que forma o pensamento hegemônico no PSDB. Deverá o eleitorado, que em sua maioria nem sabe o que é revolução burguesa, apostar novamente no PSDB?
Atualmente há certa insistência em que o atual mandato do presidente Lula não deve chegar ao fim, aposta-se na capacidade desse ou daquele veículo de comunicação de derrubar o governo, obrigá-lo à renúncia. Isso seria ruim para todos, sem excessão, não deve se tornar fato.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugere que Lula deve abandonar a certeza de se candidatar à reeleição, conselho que pode soar um pouco até como certa chantagem disfarçada. Talvez é isso exatamente o que o PSDB deseja, não derrubar Lula em seu mandato, mas levantar munição para o período das eleições. Tentar impedir a reeleição.
Nas próximas eleições a população terá que escolher entre PT, PSBD, talvez até com alguma chance também PFL e PMDB. Não há, até o momento, qualquer outro partido com possibilidade de apresentar uma canditatura viável, com chances reais de vitória, talvez um Ciro Gomes possa correr por fora nessa disputa, ainda é cedo para que se apontem os possíveis azarões da disputa.
A questão em foco é em que princípios o eleitorado pode fazer sua escolha no próximo ano, uma vez que agora, mesmo o PT, apresenta-se devidamente maculado pela corrupção em nível nacional, então não se trata mais de um caso isolado de corrupção em algum município, mas os demais partidos com chances reais de eleger um presidente também possuem a mancha mal-lavada da corrupção em sua história extremamente recente.
Não é de se admirar que o sistema político busque expurgar aqueles que lhe são de alguma forma estranhos, Fernando Collor era estranho, Lula é até bem conhecido, mas é indesejado, é importante enquanto simbolo, mas não se deseja que se torne reconhecido enquanto estadista, mas em oposição aos corpos estranhos ao sistema político estão os políticos já mais que tradicionais, representantes dos interesses mais arcaicos existentes na nação.
Agora para o eleitorado, não é tão óbvio a pressão tão maior em torno da corrupção do governo Lula, do que foi ao governo Fernando Henrique ou do que é hoje na maioria dos estados e municípios do país, onde a corrupção, sem margem de dúvida, drena massissamente os recursos públicos do Oiapoque ao Chuí, pois para o eleitorado o PT é muito mais próximo de si que qualquer outro dos partidos.
De todos os partidos brasileiros, apenas dois possuem um programa consistente e uma prática coerente com esse programa, são eles o PT e o PSDB, infelizmente os demais têm tão somente arremedos de programas preparados tão somente com fins eleitorais. O PMDB também é um partido grande, mas deixou há algum tempo de ser um grande partido, não se deve esperar um PMDB coeso para as próximas eleições. O PFL, bem, o PFL deve-se reconhecer sua honestidade, pois não disfarça, de forma alguma, que é o mais legítimo dos representantes das oligarquias tradicionais do Nordeste.
Há a hipótese do voto nulo, mas não parece que haverá uma grande capanha de esclarecimento em torno do voto nulo, sendo assim, essa não deve se tornar, mesmo em caso de desmascaramento generalizado da corrupção no governo e na oposição, enquanto opção competitiva, por mais que o eleitorado se torne descrente de seus potenciais representantes, fosse assim o voto nulo teria merecido mais destaque nas eleições das últimas décadas.
O mais importante, que deveria ser o voto comum no partido do presidente, do deputado e do senador, não parece ter se configurado enquanto aprendizado para o brasileiro, por incrível que pareça, há pessoas que se manifestam com orgulho de terem votado no Lula, não no PT.
Lula é presidente, mas o PT ou a coligação PT-PL não formam maioria sustentável na câmara ou no senado, então, são exatamente essas pessoas que são culpadas pela corrupção necessária para a manutenção da base de apoio que hoje se vê desmascarada, não há do que sentir orgulho, há motivo para culpa.
Sendo assim, com a possibilidade de desmoralização do PT e reeleição do Lula o quadro se torna deveras complicado para o próximo mandato, bem como de qualquer candidato que não se eleja em conjunto com um legislativo que, ou lhe de apoio, ou seja formado por partidos e representantes legítimos do eleitorado, o que não acontece ainda no Brasil.
Se é vontade da maioria que exista um governo, então ao menos que esse governo represente minimamente os interesses desse mesmo eleitorado, mas como fazer isso?
A solução está na educação, dirão alguns, mas essa afirmação está duplamente errada, uma que a educação é solução de longo prazo e o que se está discutindo são as próximas eleições, no próximo ano, outra que se a educação é objeto de regulação do governo, aos que estão no governo interessa tão somente se perpetuar no governo, sendo assim a educação deve continuar exatamente tal qual hoje, talvez ainda menos crítica, se possível.
Qual a solução possível para que se chegue a um resultado satisfatório nas próximas eleições federais e estaduais? Se há alguma é preciso se procurar logo, pois o relógio já conta o tempo e as forças políticas tradicionais já iniciaram o jogo eleitoral, o PT e sua militância deve-se demorar um pouco em sua maior ressaca, então o que é possível fazer?
As oligarquias de Minas e São Paulo, leia-se PSDB, já estão preparadas e se sentindo com boas chances, as oligarquias do Nordeste, leia-se PFL, devem buscar um pacto com Minas e São Paulo e, dessa forma, voltar também ao executivo federal. O que o eleitorado que não participa das elites deve fazer diante desse cenário?
Fernando Henrique diria que deve-se deixar tudo a cargo dos intelectuais paulistas, como ele, que forma o pensamento hegemônico no PSDB. Deverá o eleitorado, que em sua maioria nem sabe o que é revolução burguesa, apostar novamente no PSDB?
terça-feira, julho 26, 2005
A quem serve a vigilância?
É fácil acreditar que o panoptismo de Bentham é aceitável para as prisões, uma vez que aos detentos foi-lhes justamente suprimida a liberdade, seria necessário rever a pena e não tanto a possibilidade de vigilância que se aplique a eles.
É possível entretanto aceitar para as escolas, para as casas, para os condomínios, para as praças ou para outros espaços da vida pública ou privada?
Aceita-se a utilização indiscriminada de sistemas de monitoramento por imagens de vídeo que vigiam em nome de uma falsa segurança a vida de todas as pessoas, todos os dias.
Aceita-se que se instalem câmeras até em salas de aula, aceita-se que se instalem câmeras nos condomínios, em praças e ruas. Aceita-se passivamente toda essa violência contra a toda a população em nome de uma falsa segurança.
Os indivíduos aceitam-se violados em seu direito à privacidade para que possa se sentir seguro, priva-se da liberdade em troca da segurança prometida por seus representantes no poder, que desejam mais poder e, por isso, mais que vigiar evetuais criminosos, desejam vigiar a todos, pois essa vigilância a todos é que produz mais poder.
Se a escola é um espaço para se aprender e acomodar à sensação de ser sempre vigiado é certo que esse indivíduo forma em suas neuroses também uma câmera oculta que o vigia constantemente, que lhe é mais uma fonte de sofrimento mental.
Quem ganha com isso são aqueles que se beneficiam da manutenção do establishment, aqueles que possuem e exercem o poder, pois a sensação permanente de se sentir vigiado dificulta a desobediência, a indisciplina, a subversão, que são formas possíveis do indivíduo negar o estabelecido.
Os sistemas de segurança não são tão eficientes contra os criminosos "profissionais", nem mesmo contra os criminosos "esclarecidos" ou políticos, são eficientes exatamente contra o cidadão que não se percebe violentado em seus direitos, justamente aquele que se pretende seguro ao consentir com a invasão de sua própria vida.
É preciso perceber que a lógica da segurança pela vigilância vai, cedo ou tarde, vai se esgarçar, mas, certamente, até isso acontecer, haverá muito sangue, inclusive de civis, mas não de inocentes, isso não se pode dizer.
As crianças, sim, na verdade as crianças são inocentes, as únicas inocentes, de qualquer uma das trincheiras, de qualquer um dos lados, mas apenas elas.
Afinal, mesmo que distanciado da ação direta de violência, não é o receptador de um roubo também diretamente um criminoso?
É possível entretanto aceitar para as escolas, para as casas, para os condomínios, para as praças ou para outros espaços da vida pública ou privada?
Aceita-se a utilização indiscriminada de sistemas de monitoramento por imagens de vídeo que vigiam em nome de uma falsa segurança a vida de todas as pessoas, todos os dias.
Aceita-se que se instalem câmeras até em salas de aula, aceita-se que se instalem câmeras nos condomínios, em praças e ruas. Aceita-se passivamente toda essa violência contra a toda a população em nome de uma falsa segurança.
Os indivíduos aceitam-se violados em seu direito à privacidade para que possa se sentir seguro, priva-se da liberdade em troca da segurança prometida por seus representantes no poder, que desejam mais poder e, por isso, mais que vigiar evetuais criminosos, desejam vigiar a todos, pois essa vigilância a todos é que produz mais poder.
Se a escola é um espaço para se aprender e acomodar à sensação de ser sempre vigiado é certo que esse indivíduo forma em suas neuroses também uma câmera oculta que o vigia constantemente, que lhe é mais uma fonte de sofrimento mental.
Quem ganha com isso são aqueles que se beneficiam da manutenção do establishment, aqueles que possuem e exercem o poder, pois a sensação permanente de se sentir vigiado dificulta a desobediência, a indisciplina, a subversão, que são formas possíveis do indivíduo negar o estabelecido.
Os sistemas de segurança não são tão eficientes contra os criminosos "profissionais", nem mesmo contra os criminosos "esclarecidos" ou políticos, são eficientes exatamente contra o cidadão que não se percebe violentado em seus direitos, justamente aquele que se pretende seguro ao consentir com a invasão de sua própria vida.
É preciso perceber que a lógica da segurança pela vigilância vai, cedo ou tarde, vai se esgarçar, mas, certamente, até isso acontecer, haverá muito sangue, inclusive de civis, mas não de inocentes, isso não se pode dizer.
As crianças, sim, na verdade as crianças são inocentes, as únicas inocentes, de qualquer uma das trincheiras, de qualquer um dos lados, mas apenas elas.
Afinal, mesmo que distanciado da ação direta de violência, não é o receptador de um roubo também diretamente um criminoso?
segunda-feira, julho 25, 2005
Quando ser religioso é sujar as mãos com sangue
O Rio de Janeiro sedia a partir de hoje a conferência anual da Sociedade Internacional de Aids e uma das polêmicas do encontro será, sem dúvida, o conservadorismo dos Estados Unidos contra a eficiência comprovada do Brasil no combate à doença.
Um exemplo do enfrentamento entre os dois paises é a questão relacionada à campanha de distribuição de preservativos da ONG Fio da Alma, que era parcialmente financiada pela Agência Americana para Desenvolvimento Internacional (Usaid), mas cuja parceria está encerrada, pois o Brasil não aceita à exigência do governo estadunidense de que todos os recebedores estrangeiros de assistência para Aids devem condenar explicitamente a prostituição.
O governo Bush também deseja que os programas financiados por suas agências coloquem ênfase na na abstinência, na fidelidade e no uso controlado de preservativos, enquanto o governo brasileiro adota uma postura pragmática em que reconhece que o desejo sexual às vezes supera a razão.
Se o Brasil deixa de receber os 40 milhões de dólares de ajuda no combate à Aids por que se recusa a discriminar formalmente os seus cidadãos, qualquer que seja sua profissão, isso, sem dúvida, enfraquece o programa brasileiro de combate à Aids, ou seja, mais pessoas estarão contraindo o HIV e mais pessoas deixarão de ter um tratamento adequado à doença, ou seja, mais pessoas morrerão.
Se o Brasil aceita discriminar formalmente os profissionais do sexo, então este público estará consideravelmente mais propenso a contrair Aids, bem como não poderão contar com um tratamento adequado para a doença, ou seja, também mais pessoas morrerão.
A questão não é um dilema, pois em ambas as situações mais pessoas morrerão em decorrência da carência de recursos, enquanto no caso de optar pela discriminação formal, estaria ferindo as cláusulas pétreas da Constituição Federal.
O governo dos Estados Unidos aproveita uma oportunidade a mais para condenar pessoas à morte por não atenderem às normas religiosas do eleitorado de George Bush, que são cristãos. Além dos muçulmanos no Afeganistão e no Iraque, que são assassinados em sua cruzada contra o Islan, Bush e seu povo condena à morte milhões de pessoas no mundo todo, tratando a Aids como uma das sete pragas enviadas por seu deus ao Egito.
Apesar da dissimulação típica da esfera governamental, o que o governo Bush diz é que os pecadores devem ser exterminados pelo mal que seu deus enviou ao mundo e devem padecer em sofrimento para que possam se redimir de seus pecados e encontrar a salvação prometida por seu deus para aqueles que a ele se converterem.
Não adianta os católicos brasileiros se sentirem aliviados, pois os líderes católicos pouco de diferenciam dos conselheiros e eleitores de Bush. Aquele que é cristão ou compartilha de dogmas similares é co-responsável pela morte dessas pessoas, pois ajuda a manter acesa no mundo a chama do pavio, também chamado fé, da religião no mundo.
Um exemplo do enfrentamento entre os dois paises é a questão relacionada à campanha de distribuição de preservativos da ONG Fio da Alma, que era parcialmente financiada pela Agência Americana para Desenvolvimento Internacional (Usaid), mas cuja parceria está encerrada, pois o Brasil não aceita à exigência do governo estadunidense de que todos os recebedores estrangeiros de assistência para Aids devem condenar explicitamente a prostituição.
O governo Bush também deseja que os programas financiados por suas agências coloquem ênfase na na abstinência, na fidelidade e no uso controlado de preservativos, enquanto o governo brasileiro adota uma postura pragmática em que reconhece que o desejo sexual às vezes supera a razão.
Se o Brasil deixa de receber os 40 milhões de dólares de ajuda no combate à Aids por que se recusa a discriminar formalmente os seus cidadãos, qualquer que seja sua profissão, isso, sem dúvida, enfraquece o programa brasileiro de combate à Aids, ou seja, mais pessoas estarão contraindo o HIV e mais pessoas deixarão de ter um tratamento adequado à doença, ou seja, mais pessoas morrerão.
Se o Brasil aceita discriminar formalmente os profissionais do sexo, então este público estará consideravelmente mais propenso a contrair Aids, bem como não poderão contar com um tratamento adequado para a doença, ou seja, também mais pessoas morrerão.
A questão não é um dilema, pois em ambas as situações mais pessoas morrerão em decorrência da carência de recursos, enquanto no caso de optar pela discriminação formal, estaria ferindo as cláusulas pétreas da Constituição Federal.
O governo dos Estados Unidos aproveita uma oportunidade a mais para condenar pessoas à morte por não atenderem às normas religiosas do eleitorado de George Bush, que são cristãos. Além dos muçulmanos no Afeganistão e no Iraque, que são assassinados em sua cruzada contra o Islan, Bush e seu povo condena à morte milhões de pessoas no mundo todo, tratando a Aids como uma das sete pragas enviadas por seu deus ao Egito.
Apesar da dissimulação típica da esfera governamental, o que o governo Bush diz é que os pecadores devem ser exterminados pelo mal que seu deus enviou ao mundo e devem padecer em sofrimento para que possam se redimir de seus pecados e encontrar a salvação prometida por seu deus para aqueles que a ele se converterem.
Não adianta os católicos brasileiros se sentirem aliviados, pois os líderes católicos pouco de diferenciam dos conselheiros e eleitores de Bush. Aquele que é cristão ou compartilha de dogmas similares é co-responsável pela morte dessas pessoas, pois ajuda a manter acesa no mundo a chama do pavio, também chamado fé, da religião no mundo.
domingo, julho 24, 2005
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