quarta-feira, julho 27, 2005

Corrupção e corrupção... Há uma alternativa?

Na história recente do Brasil há um caso recente de cassação de presidente, um presidente que, apesar de compor uma oligarquia, era de um estado fraco, de Alagoas, um estado praticamente sem expressão politica nacional, deixa de contar com o apoio do eleitorado, que já o via como um engodo, que já se sentia por ele não traído, mas enganado, ludibriado, e, principalmente, deixa de contar com qualquer apoio das oligarquias sejam agrárias, sejam industriais ou sejam financeiras.

Atualmente há certa insistência em que o atual mandato do presidente Lula não deve chegar ao fim, aposta-se na capacidade desse ou daquele veículo de comunicação de derrubar o governo, obrigá-lo à renúncia. Isso seria ruim para todos, sem excessão, não deve se tornar fato.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugere que Lula deve abandonar a certeza de se candidatar à reeleição, conselho que pode soar um pouco até como certa chantagem disfarçada. Talvez é isso exatamente o que o PSDB deseja, não derrubar Lula em seu mandato, mas levantar munição para o período das eleições. Tentar impedir a reeleição.

Nas próximas eleições a população terá que escolher entre PT, PSBD, talvez até com alguma chance também PFL e PMDB. Não há, até o momento, qualquer outro partido com possibilidade de apresentar uma canditatura viável, com chances reais de vitória, talvez um Ciro Gomes possa correr por fora nessa disputa, ainda é cedo para que se apontem os possíveis azarões da disputa.

A questão em foco é em que princípios o eleitorado pode fazer sua escolha no próximo ano, uma vez que agora, mesmo o PT, apresenta-se devidamente maculado pela corrupção em nível nacional, então não se trata mais de um caso isolado de corrupção em algum município, mas os demais partidos com chances reais de eleger um presidente também possuem a mancha mal-lavada da corrupção em sua história extremamente recente.

Não é de se admirar que o sistema político busque expurgar aqueles que lhe são de alguma forma estranhos, Fernando Collor era estranho, Lula é até bem conhecido, mas é indesejado, é importante enquanto simbolo, mas não se deseja que se torne reconhecido enquanto estadista, mas em oposição aos corpos estranhos ao sistema político estão os políticos já mais que tradicionais, representantes dos interesses mais arcaicos existentes na nação.

Agora para o eleitorado, não é tão óbvio a pressão tão maior em torno da corrupção do governo Lula, do que foi ao governo Fernando Henrique ou do que é hoje na maioria dos estados e municípios do país, onde a corrupção, sem margem de dúvida, drena massissamente os recursos públicos do Oiapoque ao Chuí, pois para o eleitorado o PT é muito mais próximo de si que qualquer outro dos partidos.

De todos os partidos brasileiros, apenas dois possuem um programa consistente e uma prática coerente com esse programa, são eles o PT e o PSDB, infelizmente os demais têm tão somente arremedos de programas preparados tão somente com fins eleitorais. O PMDB também é um partido grande, mas deixou há algum tempo de ser um grande partido, não se deve esperar um PMDB coeso para as próximas eleições. O PFL, bem, o PFL deve-se reconhecer sua honestidade, pois não disfarça, de forma alguma, que é o mais legítimo dos representantes das oligarquias tradicionais do Nordeste.

Há a hipótese do voto nulo, mas não parece que haverá uma grande capanha de esclarecimento em torno do voto nulo, sendo assim, essa não deve se tornar, mesmo em caso de desmascaramento generalizado da corrupção no governo e na oposição, enquanto opção competitiva, por mais que o eleitorado se torne descrente de seus potenciais representantes, fosse assim o voto nulo teria merecido mais destaque nas eleições das últimas décadas.

O mais importante, que deveria ser o voto comum no partido do presidente, do deputado e do senador, não parece ter se configurado enquanto aprendizado para o brasileiro, por incrível que pareça, há pessoas que se manifestam com orgulho de terem votado no Lula, não no PT.

Lula é presidente, mas o PT ou a coligação PT-PL não formam maioria sustentável na câmara ou no senado, então, são exatamente essas pessoas que são culpadas pela corrupção necessária para a manutenção da base de apoio que hoje se vê desmascarada, não há do que sentir orgulho, há motivo para culpa.

Sendo assim, com a possibilidade de desmoralização do PT e reeleição do Lula o quadro se torna deveras complicado para o próximo mandato, bem como de qualquer candidato que não se eleja em conjunto com um legislativo que, ou lhe de apoio, ou seja formado por partidos e representantes legítimos do eleitorado, o que não acontece ainda no Brasil.

Se é vontade da maioria que exista um governo, então ao menos que esse governo represente minimamente os interesses desse mesmo eleitorado, mas como fazer isso?

A solução está na educação, dirão alguns, mas essa afirmação está duplamente errada, uma que a educação é solução de longo prazo e o que se está discutindo são as próximas eleições, no próximo ano, outra que se a educação é objeto de regulação do governo, aos que estão no governo interessa tão somente se perpetuar no governo, sendo assim a educação deve continuar exatamente tal qual hoje, talvez ainda menos crítica, se possível.

Qual a solução possível para que se chegue a um resultado satisfatório nas próximas eleições federais e estaduais? Se há alguma é preciso se procurar logo, pois o relógio já conta o tempo e as forças políticas tradicionais já iniciaram o jogo eleitoral, o PT e sua militância deve-se demorar um pouco em sua maior ressaca, então o que é possível fazer?

As oligarquias de Minas e São Paulo, leia-se PSDB, já estão preparadas e se sentindo com boas chances, as oligarquias do Nordeste, leia-se PFL, devem buscar um pacto com Minas e São Paulo e, dessa forma, voltar também ao executivo federal. O que o eleitorado que não participa das elites deve fazer diante desse cenário?

Fernando Henrique diria que deve-se deixar tudo a cargo dos intelectuais paulistas, como ele, que forma o pensamento hegemônico no PSDB. Deverá o eleitorado, que em sua maioria nem sabe o que é revolução burguesa, apostar novamente no PSDB?

Nenhum comentário: