O Rio de Janeiro sedia a partir de hoje a conferência anual da Sociedade Internacional de Aids e uma das polêmicas do encontro será, sem dúvida, o conservadorismo dos Estados Unidos contra a eficiência comprovada do Brasil no combate à doença.
Um exemplo do enfrentamento entre os dois paises é a questão relacionada à campanha de distribuição de preservativos da ONG Fio da Alma, que era parcialmente financiada pela Agência Americana para Desenvolvimento Internacional (Usaid), mas cuja parceria está encerrada, pois o Brasil não aceita à exigência do governo estadunidense de que todos os recebedores estrangeiros de assistência para Aids devem condenar explicitamente a prostituição.
O governo Bush também deseja que os programas financiados por suas agências coloquem ênfase na na abstinência, na fidelidade e no uso controlado de preservativos, enquanto o governo brasileiro adota uma postura pragmática em que reconhece que o desejo sexual às vezes supera a razão.
Se o Brasil deixa de receber os 40 milhões de dólares de ajuda no combate à Aids por que se recusa a discriminar formalmente os seus cidadãos, qualquer que seja sua profissão, isso, sem dúvida, enfraquece o programa brasileiro de combate à Aids, ou seja, mais pessoas estarão contraindo o HIV e mais pessoas deixarão de ter um tratamento adequado à doença, ou seja, mais pessoas morrerão.
Se o Brasil aceita discriminar formalmente os profissionais do sexo, então este público estará consideravelmente mais propenso a contrair Aids, bem como não poderão contar com um tratamento adequado para a doença, ou seja, também mais pessoas morrerão.
A questão não é um dilema, pois em ambas as situações mais pessoas morrerão em decorrência da carência de recursos, enquanto no caso de optar pela discriminação formal, estaria ferindo as cláusulas pétreas da Constituição Federal.
O governo dos Estados Unidos aproveita uma oportunidade a mais para condenar pessoas à morte por não atenderem às normas religiosas do eleitorado de George Bush, que são cristãos. Além dos muçulmanos no Afeganistão e no Iraque, que são assassinados em sua cruzada contra o Islan, Bush e seu povo condena à morte milhões de pessoas no mundo todo, tratando a Aids como uma das sete pragas enviadas por seu deus ao Egito.
Apesar da dissimulação típica da esfera governamental, o que o governo Bush diz é que os pecadores devem ser exterminados pelo mal que seu deus enviou ao mundo e devem padecer em sofrimento para que possam se redimir de seus pecados e encontrar a salvação prometida por seu deus para aqueles que a ele se converterem.
Não adianta os católicos brasileiros se sentirem aliviados, pois os líderes católicos pouco de diferenciam dos conselheiros e eleitores de Bush. Aquele que é cristão ou compartilha de dogmas similares é co-responsável pela morte dessas pessoas, pois ajuda a manter acesa no mundo a chama do pavio, também chamado fé, da religião no mundo.
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