sexta-feira, maio 20, 2005

Acho que consegui encerrar minha catarse...

Sabe, eu gostei muito dessa foto, ela me tocou muito, talvez por que meu filho ainda é muito pequeno, indefeso, mas sabe, olhei para essa foto e pensei, é isso, o que fazemos é colocar nossos filhos na boca do cano de nossas armas, precisamos parar com isso... precisamos "dar uma chance à paz", por mais piegas que isso possa soar...

Melhor que isso, só se esse passarinho tivesse um cravo e uma rosa cruzados em seu bico, já pensou?

Representaria a lealdade inata que todo filho tem para com ambos os pais e que não é respeitada muitas vezes...

Essa imagem, você não imagina quantas pessoas já vieram falar comigo apenas para comentar como ela mexeu com essas pessoas, uma colega disse que estava com lágrimas nos olhos... só essa imagem... e o fato de saber o que eu havia feito, encerrado o conflito para proteger meu fiho do próprio conflito.

Essa imagem eh realmente muito forte, lembra também solidão, nao acha?

Quanto à solidão, tambem não falamos de solidão, de abandono?

Olhando para ela, eu diria, ela representa muito da causa, muito mesmo.

Solidão, abandono, guerra, paz, inocência, filho indefeso, eu versus mundo, ponto versus imensidão.

E o que fazemos mesmo quando queremos o que é bom, confiamos nisso? Estrategemas, táticas, belicosidade, animosidade contra pessoas que um dia amamos e com nossos filhos no meio. Mesmo acreditando que estamos certos, é como se estivéssemos em uma guerra santa.

É como se fôssemos os cristão atacando os muçulmanos... cruzados em prol do bem-estar de nossos filhos, como cristãos em nome do seu deus.

Entende? Não quero lhe convencer a não lutar pelo melhor para o seu filho, mas é que a forma, o instrumental para se decidir o melhor para o filho é um campo de batalhas... e nesse campo de batalhas está presente nosso maior tesouro, mesmo que não esteja fisicamente presente, cada coisa dita, provada, testemunhada repercute em nossos filhos...

Cada sentimento negativo absorvido por nós é absorvido por eles...

quinta-feira, maio 19, 2005

Um amigo meu, que era irmão de duas amigas minhas, uma delas separada e com filhos, disse brincando certa vez que quando fosse ao casamento da outra irmã, iria com uma plaquinha: "Não aceitamos devolução". Olha que só ela e o filho haviam retornado à casa do pai e ela tinha o carro dela, trabalhava, estudava.

Agora eu fico pensando como esse meu amigo ficaria se ela além de ter voltado para a casa deles (ele ainda tinha menos que 25 à época), ela tivesse se casado de novo e o marmanjão tivesse ido morar com eles também...

Em todo caso, eu falei isso por algo que eu vi dias atrás, algo deprimente, como a infelicidade ou a felicidade forjada pode acabar com a beleza das pessoas, como aquilo que está dentro de nós toma conta do nosso exterior contra nossa própria vontade, como uma pessoa linda pode ficar assim tão feia em tão pouco tempo. Antes havia a inadequação, eu reconheço, uma jovialidade tardia, que se harmonizou em pouco tempo na representação de si, mas ao fim, era tosco, tosco a ponto de chamar a atenção de quem nada tinha a ver.

Não há como barrar o nosso interior, ele se expressa quer queiramos, quer não, não há maquiagem que resolva. Tá, eu aceito que costumam dizer que sou meio médium, que eu tenho os "canais abertos" e que eu "vejo a alma a partir dos olhos", mas o pior é que era coletivo, a feiura contaminava a todos, até aqueles que, pela idade, já estão acima do feio e do bonito, aqueles estavam malajambrados, o que a idade não mais permite.

O mais intrigante era porém nosso amigo Lord Coeur de Roche, que estava usando seu uniforme azul impecavelmente roto. Como um Lord acaba desse jeito? Tão sem brilho, tão sem graça? Será a pedra em seu peito que o faz sofrer dessa maneira? Será contagioso? Todos que toca têm seus corações endurecidos e isso os faz carregar em seus peitos um peso que não podem suportar, como um Midas com uma maldição invisível? Só não consigo atinar para a origem de tal maldição, provavelmente nunca vou saber, mas que tais efeitos são notáveis, isso são.

Agora me vem à mente a cena, eu me remeterei ao cinema, apesar da imperfeição, do final do remake de Lolita, quando o antigo amante da Lolita atende ao seu pedido por dinheiro, mas o leva pessoalmente. O contexto é falho, mas o sentimento é o mesmo, é como se estivesse assistindo ao remake de Lolita de novo agora, depois de cinco anos, nítido, e, de repente, tudo não passou de uma profecia auto-realizadora, o tempo se contrai em minha mente, dói, tenho que massagear meus cabelos enquanto escrevo, é louco e real ao mesmo tempo, como se a figura que eu imaginasse completa, fechada, ganhasse, a partir de um único instante, três dimensões.

A profecia precisava se cumprir, nosso amigo Lord Coeur de Roche tinha seu papel a desempenhar e o desempenhou de forma brilhante, salvo que a personagem do filme, embora quase irrelevante, embora também tivesse o privilégio de não conhecer o passado da sua Lô, já começava, mesmo que com certa dificuldade, a construir um futuro só deles dois, embora Lolita insistisse em trazer o passado para dentro de casa, para perto de seus filhos, os filhos eram ao menos seus...

Às vezes parar pode nos levar mais longe que voar


Vano Shlamov/AFP

Pássaro pousa em cano de arma em
base militar russa na Geórgia Posted by Hello

quarta-feira, maio 18, 2005

Resolveu lutar com flores e poesia ou resolveu não lutar e entregar flores e poesia?

Vamos lá.. me conta tudo.. como é a história?
Resolveu lutar com flores e poesia?
Resolveu não lutar e entregar flores e poesia?

Flores brancas não trouxeram a paz, quem sabe não foram despedaçadas no mesmo instante? Poesia, não me sinto capaz de fazer, então minha prosa, que talvez tenha algo de poético, ela também não trouxe a paz, mesmo acompanhada de flores e que essas flores fossem brancas.

As duas respostas estão certas. Eu declinei da guerra, mas não, não deixerai de lutar e continuarei a luta com as armas que eu domino, as flores e a poesia, mesmo que seja em prosa.

Lembram de Hiroshima? A guerra foi vencida inconteste, mas a que custo e destruição? Hiroshima será sempre motivo de vergonha, sempre motivo para alguém apontar, outros 50 anos não bastarão para que se apague a mancha dessa vitória.

Lembram do Vietnan? A bomba não foi usada, estava lá, não foi usada. Os vietcongs venceram. Vencearam? Só houveram perdedores, foi sim uma clara vitória de Pirro aquela.

Vivi um ano inteiro da minha vida com o dilema, uso a bomba, não uso a bomba. Bomba que me garantiria vitória, mas a que custo? Quanto me custaria tê-la usado? E manter a guerra sem usar a bomba, bem, qual teria sido, ao final, o custo para ambos os lados, haveria vitória? Alguém ganharia?

Hoje mesmo, já me sinto um vencedor, pois fui capaz de encerrar a sangria, sou também um perdedor, posto que perdi oficialmente, tal guerra, capitulei, mas houve vencedor? Não, houve apenas perdedores e, principalmente, um grande perdedor que, como sempre, nem estava entre os exércitos.

Sou um vencedor em mim mesmo, tenho dois orgulhos nisso tudo, que não poderão me ser jamais tirados: Não fui eu que comecei e fui eu que terminei. Em dois momentos distintos e separados por praticamente exatos um ano de batalhas eu venci por me manter íntegro e fiel aos meus compromissos, mesmo quando o outro exército não mais o foi. Fui ético, ainda que não acredite nessa tal de ética e que, principalmente, esta não estivesse presente na guerra.

Fui um vencedor por não usar a bomba. Usar a bomba, ou o "garotinho", como era chamada, não iria só me fazer ganhar a guerra, ia destruir muita coisa, muita coisa que eu pouco ligo que fosse destruída, mas muita coisa que era o próprio motivo de se estar guerreando. Cheguei a pensar em usar uma pequena ogiva, mas até meus soldados estavam reticentes quanto aos estragos, que não eram possíveis de se calcular, mesmo em pequena escala. Exatamente como foi Hiroshima, só que eu estava no comando, eu pude dizer não a tempo.

Quanto a lutar com flores e poesias de agora em diante, o que posso dizer é que não se faz uma primavera com uma única flor, meu jardim, este sim, terá mais flores e só por isso já terá mais poesia, mas não desisti da primavera.

terça-feira, maio 17, 2005

Não, nao foi uma Vitória de Pirro! Seria uma ao final...

Citação:
No ano de 279-AC, o rei Pirro, de Épiro (na atual Albânia), reuniu seus oficiais no campo de batalha de Asculum, perto de Roma, para saudar a vitória parcial das suas tropas contra o poderoso exército romano. Diante das enormes perdas de oficiais e soldados, porém, ele constatou que "com mais uma vitória como esta" o seu reino estaria perdido. Daí o termo "vitória de Pirro", que expressa uma conquista em que as perdas do vencedor são tão grandes quanto as do perdedor.

Hoje consegui uma pequena vitória, em favor da urgência, em detrimento de uma grande causa, de importância verdadeira. Não posso falar exatamente como foi assim em público, por que estaria violando segredo de justiça, mas me sinto bem com essa pequena vitória que pôs fim ao meu processo.

Agradeço ao Ineskecível, que postou aquele artigo da Dra. Deirdre, ele foi iluminador, pois descobri que estava brigando pela coisa errada, eu já sabia que estava brigando no lugar errado e isso me permitiu me desarmar definitivamente e buscar outro caminho.

Agradeço principalmente à terapia, que está me conduzindo em meu processo de individuação, que me permitiu ou facilitou meu enfrentamento com minha anima, especificamente minha anima sombria, que foi também importantíssimo no processo de iniciar uma luta verdadeira, pelo que realmente quero e com chances de vencer.

Por fim, lembram daquele cara que propôs um acordo, a pessoa com que ele estava negociando não aceitou o acordo querendo lhe estorquir mais e quem arbitrava acabou dando até mais do que aquele cara pedia? Tá, mesmo considerando que aquele cara pedia muito menos que era direito, certo, razoável, os fatos acabaram sendo melhores que a expectativa e isso é uma vitória verdadeira, conseguir mais do que se espera, mesmo que não seja aquilo que é certo e direito. De que valeria uma vitória no futuro com tantas perdas pelo caminho? Isso sim, seria uma vitória de pirro inquestionável.

E bem, não pense que eu vou desistir da causa, pois ela, bem sei, não é para mim que luto, nem para o meu filho enquanto filho, mas para meu filho enquanto pai e seus filhos, meus netos. Então ainda vou estar perturbando, incomodando, zoando no ouvido de muita gente por aí. Batendo de frente contra o autoritarismo que tanto ainda se faz presente em nosso Brasil, contra o machismo e contra tudo que nos faz menos felizes.

Só posso dizer que a partir de hoje meu filho não será mais um filho do divórcio, ou ao menos não só dele, ele agora tem um pai e um pai capaz de reaver a poesia de sua vida e que fará tudo para levar poesia a ele e tantas gerações que ainda virão pela frente!

Ainda que falte um pouco para que complete meu processo de individuação,
agora sim, posso dizer, isso é só o começo!

segunda-feira, maio 16, 2005

sou ansiedade diluida em sangue

Eu falo: Pra que perder tempo Desperdiçando emoções
Você nao me entende: hmm..
Eu explico: só outro verso, da mesma música!
Você se contenta: tudo bem?
Eu sussuro: Eu sou um barril de pólvora, mas acho que posso dizer que estou bem melhor que na outras vezes!
E continuo: Talvez melhor: Eu estou uma pilha, com os nervos à flor da pele, sou ansiedade diluida em sangue!
Você se identifica: estou tal qual você neste momento.
E se prontifica: mas e você, é algo em que eu possa ajudar?
Eu me surpreendo: É? O que lhe incendeia?
E lhe atendo: Ao existir, você me ajuda, ao me ouvir, salva-me do abismo de sentir sem me expressar, ao perguntar por mim, aquece-me sem me tocar!
Você me agracia: gostei disso...
E me confessa: quero conversar, mas eu tenho que almoçar agora e ir para o trabalho.
Eu me comprometo: Tá bom, se quiser, estou aqui, se não estiver aqui, estarei em meu telefone, se não me achar ao me procurar, manda uma mensagem por telepatia, que lhe devolvo um afago no mesmo instante!

domingo, maio 15, 2005

É um momento tão mágico esse, eu e meu filho temos tão pouco tempo juntos, mesmo assim ele consegue me fazer tão alegre.

Estive com ele ontem, mesmo assim, ainda hoje passo o dia todo me lembrando de cada momento, de cada instante em que estivemos juntos, de cada conquista dele, de cada conquista minha e, por que não, de cada conquista nossa.

Podem me criticar, mas meu filho é sim a maior razão para que eu continue a viver. Apresentar um mundo cheio de poesia, de esperança, de utopia é o que me faz inspirar e expirar tantas vezes por minuto.

Eu me perguntei certa vez se eu não estaria jogando uma carga muito pesada sobre os ombros de meu filho, por ter sofrido e ainda sofrer com sua ausência, em que ele acreditasse que devesse me retribuir todo o amor que sinto por ele.

Não, não é preciso retribuir, não mais que toda a alegria que você já me provê sempre que estamos juntos, tudo isso, todo esse amor, todo esse afeto, todo esse carinho, todas as suas conquistas já me retribuem por demais meu amor, aliás, talvez nem seja eu merecedor de tanto afeto, de tanto carinho.

E aproveito uma atitude do meu filho, uma dessas saias justas a que as crianças muitas vezes submetem os adultos. O titio D. veio de carona com a gente da casa da Nona (vovó K.), tal que quando chegamos na casa da vovó L., como de costume, foi a vovó L. que veio receber nosso amorzinho, mas ele quis apresentar a vovó L. e o titio D., a vovó L. veio, "re-conheceu" o titio D. e, a partir disso, registro um mea culpa:

Muitas vezes, aliás durante quase todo o tempo do meu relacionamento e depois dele, desloquei a responsabilidade pelos suscessivos fracássos para a figura da minha então sogra, a vovó L., se é que é possível pensar que existem ex-sogras quando se têm filhos, talvez essa tenha sido uma das grandes razões que os sucessivos fracassos se converteram em um fracasso definitivo, pois a responsabilidade por nossos erros não estão em outros, mas em nós mesmos.

Sim, minha ex-sogra exerceu plenamente seu papel de sogra de caricatura, mas a responsabilidade por nossa família não era dela, era nossa, a responsabilidade pelos erros eram nossos, até por que os erros que nos fizeram naufragar não eram de outrem, mas nossos e somente nossos e não assumir isso a tempo foi o que nos destruiu, com isso atrapalhamos muito nossas vidas, mas, principalmente, atrapalhamos por demais a vida de nosso filho e esse é o meu maior pesar em tudo isso, pois essas marcas ficarao presentes para sempre em todos nós, mas serão, sem dúvida, muito mais marcantes para ele, mas se tudo der certo, um dia ele vai ter ajuda para trabalar essas e outras questões de sua vida...