quarta-feira, maio 18, 2005

Resolveu lutar com flores e poesia ou resolveu não lutar e entregar flores e poesia?

Vamos lá.. me conta tudo.. como é a história?
Resolveu lutar com flores e poesia?
Resolveu não lutar e entregar flores e poesia?

Flores brancas não trouxeram a paz, quem sabe não foram despedaçadas no mesmo instante? Poesia, não me sinto capaz de fazer, então minha prosa, que talvez tenha algo de poético, ela também não trouxe a paz, mesmo acompanhada de flores e que essas flores fossem brancas.

As duas respostas estão certas. Eu declinei da guerra, mas não, não deixerai de lutar e continuarei a luta com as armas que eu domino, as flores e a poesia, mesmo que seja em prosa.

Lembram de Hiroshima? A guerra foi vencida inconteste, mas a que custo e destruição? Hiroshima será sempre motivo de vergonha, sempre motivo para alguém apontar, outros 50 anos não bastarão para que se apague a mancha dessa vitória.

Lembram do Vietnan? A bomba não foi usada, estava lá, não foi usada. Os vietcongs venceram. Vencearam? Só houveram perdedores, foi sim uma clara vitória de Pirro aquela.

Vivi um ano inteiro da minha vida com o dilema, uso a bomba, não uso a bomba. Bomba que me garantiria vitória, mas a que custo? Quanto me custaria tê-la usado? E manter a guerra sem usar a bomba, bem, qual teria sido, ao final, o custo para ambos os lados, haveria vitória? Alguém ganharia?

Hoje mesmo, já me sinto um vencedor, pois fui capaz de encerrar a sangria, sou também um perdedor, posto que perdi oficialmente, tal guerra, capitulei, mas houve vencedor? Não, houve apenas perdedores e, principalmente, um grande perdedor que, como sempre, nem estava entre os exércitos.

Sou um vencedor em mim mesmo, tenho dois orgulhos nisso tudo, que não poderão me ser jamais tirados: Não fui eu que comecei e fui eu que terminei. Em dois momentos distintos e separados por praticamente exatos um ano de batalhas eu venci por me manter íntegro e fiel aos meus compromissos, mesmo quando o outro exército não mais o foi. Fui ético, ainda que não acredite nessa tal de ética e que, principalmente, esta não estivesse presente na guerra.

Fui um vencedor por não usar a bomba. Usar a bomba, ou o "garotinho", como era chamada, não iria só me fazer ganhar a guerra, ia destruir muita coisa, muita coisa que eu pouco ligo que fosse destruída, mas muita coisa que era o próprio motivo de se estar guerreando. Cheguei a pensar em usar uma pequena ogiva, mas até meus soldados estavam reticentes quanto aos estragos, que não eram possíveis de se calcular, mesmo em pequena escala. Exatamente como foi Hiroshima, só que eu estava no comando, eu pude dizer não a tempo.

Quanto a lutar com flores e poesias de agora em diante, o que posso dizer é que não se faz uma primavera com uma única flor, meu jardim, este sim, terá mais flores e só por isso já terá mais poesia, mas não desisti da primavera.

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