quinta-feira, janeiro 08, 2004

Discriminação e preconceito

Sempre me emocionei com a lutas contra a discriminação e o preconceito, sempre me empolguei com as lutar por direitos, como direitos das crianças e dos adolescentes, das mulheres, mas, confesso, sempre me vi dentro dos grupos majoritários, em que seus direitos estavam bem protegidos, ao menos aqueles bem básicos, e bem entendidos pela constituição e tantas outras leis complementares.

Agora, incrível, sou discriminado e sofro de preconceito por ser pai, sou acusado de querer ser mãe e não aceitar meu papel de pai, sou acusado por ser muito apegado ao meu filho, sou acusado por ter uma relação muito próxima com meu filho, sou acusado por querer vê-lo todos os dias, por querer brincar com ele, por querer conviver com ele, por querer ser pai dele.

E, apesar dos direitos básicos constitucionais, do Estatuto da Criança e do Adolescente e de tantas outras leis garantirem os direitos que eu e meu filho temos de estarmos juntos, de que eu possa participar da educação, da formação da personalidade, da vida dele, corre o risco de ser uma briga dura, não é uma coisa do tipo que se resolve facilmente, ainda é imatura a jurisprudência, as conquistas dos pais ainda são muito recentes.

E como não se trata de ser "mártir" só, eu teria que tornar também meu filho um "mártir" e ele tem todo o direito de não sofrer do mesmo romantismo que eu, eu, recentemente, cedi do direito de passar de quarta para quinta feira com ele, era importante para ambos e existem testemunhas disso, em troca, vou ter direito a dois passeios durante a semana, de duas a quatro horas, afinal, ele está se recuperando de todos vários problemas de saúde agora, eu não posso deixá-lo em meio a mais uma guerra.

Mas não posso deixar de manifestar meu repúdio a essa sociedade que não recrimina a mães e pais que não lutam para estabelecer o melhor convívio possível com os pais de seus filhos, que não percebem, que crianças não são culpadas de sua imaturidade.

Por que as mães de pais separados acham que para manter o amor de seus filhos precisam afastar o pai o máximo possível? Não percebem ela que quanto mais amor verdadeiro uma criança receber, mais ela vai amar? Por que a violência gratuíta? Se a mãe do meu filho não consegue manter-se próxima de mim por ainda não ter resolvido bem a separação, que culpa o Cauê tem? Que culpa eu tenho?

Eu sei que a justiça está amadurecendo rápido, que em poucos anos será claro para todos a importância de não se romper os laços da criança com o pai, mas o tempo do meu filho e o meu são mais acelarados que o tempo da história. Às vezes me pego pensando em criar camisetas com frases como: "Deixe-me ser pai do meu filho", "Orfãos de pais vivos" ou coisas parecidas.

Digo isso, por que apesar de ter registrado um acordo, ontem, quando deixei o Cauê de um passeio, teve o passeio que terminar com um: "Você vai ver o que vai acontecer, o que eu vou fazer com você, me aguarde" e a única coisa que ela tem contra mim, a única coisa que ela pode fazer contra mim e machucar meu filho, é usá-lo contra mim e isso já aconteceu, mas uma simples ameaça dessa não constitui elemento para uma ação, embora a violência, na frente do meu filho, fosse suficiente para prejudicá-lo.

quarta-feira, janeiro 07, 2004

Um pouco mais triste que o normal

Apesar do Cauê estar bem melhor de saúde, registrado pela pediatra dele, ganhou bom peso neste último mês. Agora os remédios receitados são os que eu achava, meses atrás, que o Cauê precisava, ou seja, a crise passou, agora é cuidar do médio e longo prasos. Apesar de todas essas coisas boas, algo de hoje, a brutalidade atual da Debra, fez com que me lembrasse da audiência de ontem, bem, durante a audiência ela quis saber quando o Cauê seria escutado sobre querer ir com a mãe para a Suécia ou querer ficar com o pai, já que o futuro marido dela é sueco e, segunda ela na audiência, ele vem para o Brasil mas vai querer voltar para o seu paí­s e ela seguirá com ele.

O que foi mais difí­cil, entretando, foi que quando sestávamos voltando e ela me acusando denão pensar no Caêª, eu a questionei por estar se casando, sabendo que, caso o Caê opte por permanecer no Brasil, ela vai deixá-lo e partir para o outro lado do oceano e, imagina por que estou triste, ela disse que vai perguntar, exigir uma resposta, mas se ele decidir ficar, ela não vai, ou seja, será uma criança, um adolescente, sendo chatageado com um blefe pela própria mãe.

Eu me pergunto como uma pessoa pode ser tão má, como uma mãe pode estar planejando, criando uma situação em que já, de ante mão, sabe que seu filho terá de escolher, com 12 anos, entre o pai e a mãe, mas não entre morar com um ou com outro, mas qual dos dois vai deixar para trás ou deixar partir. Tudo bem, 10 anos é muito tempo, vamos torcer para que nunca chegue essa hora, será melhor para todos.

Felizmente, posso dizer que fechei a gestalt no último final de semana, não há nada mais pendendente à minha ex-mulher, entendi melhor muitas das coisas que aconteceram enquanto estivemos juntos e, até ainda no último ano, até nesse último final de semana. Ela está novamente me odiando gratuitamente, dessa vez mais gratuitamente do que nunca, talvez por se sentir ameaçada de alguma forma por mim.

Enfim, agora sim, posso me considerar pronto para recomeçar minha vida, não que isso me prive do sofrimento ocasionado pela maldade da minha ex-mulher e de sua mãe, embora agora eu tenha certa curiosidade para saber até que ponto a mãe dela não está receosa de ter exagerado no veneno e estar prestes a padecer de seu próprio veneno. Só não me alegro, pois é certo que há veneno suficiente para meu filho e para mim nesse mesmo bote.

Vou ver se cato o próximo post na parede do meu ex-quarto, ele vai fechar esse capítulo, é muito simbólico.