sexta-feira, outubro 10, 2003

Censurado naquele dia

Receber um email dela dizendo que ficou com lágrimas no olhos ao assistir novamente um filme que assistimos juntos: "Amores Possíveis", assistido a dois no cine do Dragão do Mar, falando da saudade que sente ao viver aquilo que vivemos juntos: filmes, músicas que tocaram naquela época, compras no Extra, traz uma sensação de confusão em mim que nem posso descrever. Já não é que me perturbe emocionalmente como perturbava antes, mas a sensação de não poder compreender o outro, não conseguir entender suas razões, é mais fácil quando se pode perceber a linha de pensamento, ou mesmo de sentimento do seu interlocutor.

Ouvir que ela se faz de durona, mas que apesar de tudo sente muita falta de mim, sente muita saudade, é muito complicado, pois não consigo entender que uma pessoa faça com alguém que ama ou ao menos tem consideração uma parte do que ela fez comigo, vendo o sofrimento de outra pessoa tornando-se cada vez mais intenso durante dois anos.

Estou realmente aprendendo a me desapaixonar, muito já desapareceu, alguma coisa ainda ficou, mas não suficiente para ofuscar a razão, então, por isso, já não se pode chamar de paixão, talvez de carinho, talvez atração, talvez até um amor, um amor de que ainda pensa que deve ajudar, cuidar, proteger de alguma forma.

Então ouvir ou ler que o que ela sentiu por mim, jamais sentiu ou espera sentir por outra pessoa, que ela se transformou enquanto esteve comigo, que reconhecec que me magoôu, que me feriu, que me machucou e me pede perdão, alegando arrependimento sincero por tudo que fez e falou, é algo complicado, algo complicado para simplesmente dizer que acredito, que perdôo e que vamos tocar em frente. De fato, vamos tocar em frente, mais eu preparado para a próxima virada de humor, em que me transformarei novamente no pior dos monstros.

Ela tem um blog agora e aceitou fazer terapia.

Texto liberado em 23/10, não sem as modificações pertinentes ao dia de hoje.

quinta-feira, outubro 09, 2003

Além de pai e filho

É algo que não sei explicar, algo que acontece desde que o Cauê nasceu, uma espécie de conexão muito, muito forte, além de amar uma outra pessoa com qualquer tipo de amor, é algo que faz eu me sentir às vezes até mal com isso, pois é ruim quando alguém sofre simplesmente por que você está sofrendo.

Já outras vezes devo ter comentado, quando por exemplo eu estava fora e acabei descobrindo muitas coisas sobre a Debra e a mãe dela que eu não sabia, mesmo que ela já tivesse me chutado, eu ainda sofri muito, afinal eram coisas de uma época em que nem estávamos separados de forma nenhuma, e, de repente, no auge da minha angústia, minha mãe me ligou dizendo que o Cauê, de repente, não mais que de repente, havia mudado completamente de humor e estava chorando desesperadamente, esse foi um exemplo muito marcante, pois não estávamos próximos, eu havia saído de casa tranquilo, apesar do que estava acontecendo, ele ficou bem, brincando com o nono, a nona e os tios, eu não iria demorar muito.

De ontem para hoje aconteceu mais uma coisa, eu peguei ele ontem, e estava com uma super amiga nos visitando, uma amiga por quem o Cauê tem um carinho todo especial desde o dia que a conheceu, nós nunca ficamos, na verdade nós pouco nos relacionamos nos últimos anos de forma presencial, mas o Cauê adora ela e quando estava no meu colo, por mais de uma vez, puxou ela para perto de nós, segurou na nuca dela e na minha e nos aproximou, ela me deu um beijo, no rosto, eu devolvi, mas ele insistiu diversas vezes, ganhou muitos beijos também, lógico.

Hoje pela manhã, quando fui deixar ele na Debra, que ele não aceita ir para o colo dela ou deixar que eu vá embora, resolvi testar algo, cheguei bem perto dela e coloquei a cabeça dela no meu peito, ele tentou afastar, eu segurei um pouco mais, depois ela afastada, ele segurou a cabeça dela pelo lado e segurou também contra o meu peito, depois a afastou.

Enfim, já aconteu, tempos atrás, da Debra vir sentar no meu colo e o Cauê reclamar e querer tirar ela, no entanto com essa minha amiga, na última vez em que havíamos nos visto, pegou a minha mão e fez com que eu fizesse carinho no rosto dela.

Acontece que minha relação com a Debra tem sido desgastante, ruim para mim, já há muito tempo, e minha relação com meus amigos, depois dela ter me chutado, tornou-se muito forte, com alguns em especial, afinal estiveram comigo nos momentos em que eu mais precisei e com essa minha amiga, com quem eu troco emails ultra gigantes praticamente todos os dias, eu estabeleci um relacionamento que transcende tudo que já vivi com qualquer pessoa, e o Cauê parece sentir isso junto comigo novamente, pela intensidade de carinho que ele demonstra ter por ela quando a vê.

terça-feira, outubro 07, 2003

Tão distante

Ah! Que falta sinto do meu blog, do carinho dos leitores, tenho andado tão distante, não por falta de vontade ou por falta do que contar, mas muito mais pelo aperto da vida nesses últimos dias: o Cauê andou meio doentinho, a tensão aumentou muito no trabalho com a identificação de alguns furos que quer sejam erros, quer sejam deliberados, são furos que não deveriam existir, a Debra resolveu me testar um pouquinho e a liga da justiça continua atrapalhada e estabanada. Tudo isso me deixa sem tempo para lhes contar as novidades que tanto quero contar.

Imagino eu, que uma das coisas mais importantes, é saber como foi o teste, recebi algumas mensagens por email e pessoalmente perguntando sobre os capítulos que se passaram e permaneciam em suspense, mas longe de mim fazer isso deliberadamente com quem tem me acompanhado nesse blog, então o que posso escrever, sobre o resultado do teste, para o Cauê, que ao ver a Debra completou o sorriso que se formara depois que ele se levantou no berço e me de cumprimentou do jeito dele, disse "Baaabo" e sorriu, depois a Debra apareceu e ele se realizou, não deixo de pensar que sempre que isso acontece ele fica com a esperança de poder ter o babo e a mamãe sempre perto dele, todo dia, ele fica diferente, fica um pouco mais agressivo, mais manhoso, mas pode ser um reflexo da insegurança de que esse momento vá acabar muito em breve.

Fomos ao pediatra hoje pela manhã, é muito perto da nossa casa, fomos caminhando, o Cauê no carrinho, realmente são apenas três quadras, mas a Debra foi me xingando até lá pelo absurdo de ter que andar, que ela poderia ter vindo com um salto alto, daí como ia ser. O Cauê parecia adorar o passeio matinal, ainda era próximo de oito horas da manhã. Chegando lá, tudo poderia ter se encaminhado tranquilamente, imagina que teve barraco, mesmo que histérico, pois me recusei a reagir ou rebater qualquer coisa ali no consultório, mas mesmo sem eu tentar me defender ela se preocupou em jogar a pediatra contra mim o tempo todo, não sei por que isso, uma vez que o mais importante seria entender as necessidades do Cauê e atendê-las. Imagina que ela iniciou uma argumentação de que não era mais para eu pegar o Cauê na quarta-feira à noite, de modo que a pediatra a esclareceu que não era ali o local apropriado para que ela tentasse resolver isso.

Sinceramente, não estou gostando nem um pouco dessa pediatra, mas será que tem possibilidade de encontrar um ou uma pediatra que possa mesclar um pouco de medicina e humanismo, ou mesmo que possa atuar de forma preventiva, tentando identificar a verdadeiras causas dos pequenos problemas, antes que se tornem graves e merecedores e ações invasivas, como corticóides, antibióticos e etc.. Enfim, não foi satisfatória, não pude falar mesmo que sucintamente sobre os detalhes sobre o Cauê, mas pelo menos, com o pouco que expus, consegui que a pediatra indicasse incluir batata-doce na alimentação do Cauê, além da eliminação dos alimentos industrializados, coisa que eu peço a séculos, mas não sou atendido.

Fui, então, deixá-los na casa da minha ex-sogra cada vez mais psicótica e o Cauê deu mais uma vez o showzinho de sempre, aquele que era o motivo pelo qual a Debra não queria que ele ficasse comigo na quarta-feira à noite, a alegação era de que como ele passava pouco tempo, seria melhor tirar, pois ele queria mais. Fato é que ele faz o mesmo escândalo nas segundas-feiras, quando eu passei com ele o final de semana todo. Eu não tenho culpa que ele foge daquela casa, que não quer entrar lá, ou que quer ficar próximo do babo dele.

Por fim, que pode ser que seja a única razão que o fez ler tudo que escrevi acima: "se eu passei no teste". O que posso dizer, tentando avaliar o próprio domingo, a segunda e até hoje, é que passei sim, ela continua atraente, está já voltando bem ao normal de corpo, não posso negar que ainda existe atração, talvez algum carinho, mas sinto que estou mais livre, talvez pronto para tratá-la como a mãe do meu filho, talvez alguém que poderá se tornar uma amiga num futuro não tão distante. Mesmo com ela dizendo que estava confusa, que não estava feliz, que se pudesse voltaria no tempo e faria tudo diferente, mas ela fez na segunda o mesmo que fez todo o período em que passamos juntos, tudo que ela sempre fez, reclamou de tudo, criou confusão com tudo, eu não acredito que aceitasse um retorno, qualquer que fosse, mesmo que em algum tempo no futuro. Deu para amadurecer bem o que eu e ela poderíamos construir juntos e ficou claro que não seria muita coisa ou que não seria suficiente para me realizar...

Posso desconfiar o que acontece a ela, pois ela realmente é insegura como mãe, como mulher, ela optou por não amadurecer, por não se resolver, então ela tem que se defender, tem que se defender por que certamente ela percebe aquilo que outras pessoas percebem e comentam sobre minha relação com ela e com o cauê e sobre a relação dela comigo e com o Cauê. Ao menos hoje ela pediu desculpas pelo que fez na segunda, é um começo, reconhecer o que fez com si mesma e comigo, talvez com o Cauê.

domingo, outubro 05, 2003

Dia de teste

Hoje é dia de teste, não estivesse minha vida já tão atribulada, ainda terei que passar por mais um teste hoje, a debra alegou que não conseguiria vir para a consulta amanhã pela manhã, vem hoje, vai dormir aqui, podem pensar que eu sou um grosso em não querer recebê-la, mas, acreditem, tenho motivos para querer um tempo maior para retomar a cordialidade com ela, ao menos essa tão íntima, sem falar no que mais me incomoda, que é a mudança de rotina do Cauê, logo ele que demonstra frequentemente que queria a Debra viesse no lugar dele ficar sempre que vou deixá-lo na casa dela, ele sempre a convida, nunca quer entrar com ela, sempre espera que ela venha conosco e não que ele tenha que me deixar por um longo tempo...