Hoje me vejo fazendo as pazes com você, escrevo depois de viver um daqueles dias infernais em que sua vida insiste em passar e repassar na sua cabeça, que ao final de um dia em que não se fez nada ou quase nada, há um esgotamento físico e mental indescritível, como se sua vida estivesse sendo repassada e se merecesse morrer depois de tudo.
Não sangrei, minha vida não mudou nada além do valor de minhas percepções e, o pior de tudo, não mereci morrer. Apenas uma sensação ruim me acompanha o dia todo, talvez até há mais tempo do que hoje, talvez apenas mais um momento agudo da vida que vivo em minha crise desde muito antes de ter escrito a primeira linha deste blog, desde que o mundo tenta me ensinar que das pessoas não devo esperar nada, que talvez deva esperar sempre o pior.
Não consigo. Não consigo não esperar o melhor do mundo, não consigo não esperar o melhor das pessoas, sou eu, preciso esperar o melhor de mim e sou uma pessoa e sou do mundo, mas é mais do que um não querer, é como se ao abandonar a crença nas pessoas tivesse que abandonar a crença em mim mesmo. Paralizante, mas não consigo. Há tantos estímulos me atropelando e me fazendo girar sem tempo nem mesmo para um café.
É um furacão que se apossa de mim e ao mesmo tempo que me impede de morrer, me impede de viver em paz, de abandonar aquilo que eu não posso alcançar e tudo volta de novo e de novo e de novo e de novo, numa pressão frenética para que eu faça alguma coisa quando não há nada que eu possa fazer que me permita olhar depois para mim e me reconhecer em mim mesmo e daí só me resta continuar girando. Enquanto me finjo de morto procuro um caminho que me traga de volta minha vida, minha motivação para viver.
Restaria aceitar minha incompetência, de não fazer o meu melhor para ter de volta minha vida, de não aceitar meu fracasso e desistir sem brilho, de me fingir de morto enquanto agonizo, mas até nesse momento fracasso novamente em não conseguir não acreditar nas pesssoas, não acreditar no mundo. Juro, é mais do que um não querer.