segunda-feira, janeiro 12, 2004

O mundo e o quotidiano

Por que às vezes as pessoas se dizem defensoras do outro enquanto fingem não ver que o estão prejudicando? Que o estão fazendo sofrer? Lembram-me os déspotas que saem à guerra dizendo-se amparados por deus, seu deus, que exige que se mate e que se morra em seu nome, que bradam "deus nos abençoe" ao mesmo tempo em que mísseis são disparados e acertam o quarto da menina que sonhava em ser bailarina quando crescesse.

Não é óbvio que deus nenhum aprovaria isso? A maioria dos deuses que hoje conheço são a própria utopia humana, não caberia a esse ideal de humanidade fazer sofrer, é óbvio que não.

Bem, mas também é óbvio que privar uma criança de um convívio equilibrado, equivalente com seu pai e sua mãe é algo nocivo. Cedi ao desejo de minha ex-mulher para que meu filho não mais ficasse comigo nas quartas à noite e dormisse em minha casa, a primeira quarta foi na semana passada e, quando fui deixá-lo hoje, depois de algum tempo em que ele já ia numa boa para ela, hoje ele não quis se separar de mim, como era antigamente, demonstrando, como sempre faz, que quer mais de mim, que quer conviver mais comigo, mas talvez o objetivo dela seja ir conformando ele em conviver menos e menos comigo, talvez, talvez sonhe, em nome "do bem dele" que vá me esquecendo aos poucos.

O que me resta é compensá-lo de alguma forma pela perda de menos um momento comigo e da falta que isso faz.

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