Eu sinto muito, sinto de verdade, não quero falar muito, pois só o afeto verdadeiro é capaz de acalmar o coração, que toma todo o corpo para si e ainda assim não se contenta de tão apertado, que só um abraço apertado, prolongado e com amor para sempre é capaz de acalmar um instante.
Não estou ao seu lado, deixei de estar, tenho minhas desculpas, elas não servem de muita coisa, não são mais que desculpas, ainda que meu pensamento tenha estado com você tantas vezes desde então. Não estou presente e sinto por isso, não estar presente quando você mais precisa, mas há pouco a fazer a essa altura.
Não há nada além do acalanto de quem ama de verdade, nada além de vivenciar o que maltrata, o carinho de quem está perto, a energia de quem está longe.
Talvez escrever, talvez pintar, às vezes gritar, girar, até dançar, que nem toda dança é de alegria. Talvez contemplar à beira da praia as ondas que vão e vem carregando um pouco do sofrer que brota, esperar que todo o dia se passe a cada minuto.
Não se assuste com a vontade de parar sentada olhando o tempo, que é tempo de viver e não de fazer, é tempo de passar, de passar a alegria, a tristeza, a agonia e a certeza. É tempo de perceber que o amor não passa, que o amor fica, que o amor, ah! o amor...
Enquanto o amor se finca bem dentro da gente, o mundo passa devagar ao longe, como se nada tivesse a ver com nossa vida. E se não há nada a fazer para sanar a dor, por que fazer alguma coisa?
Tudo que nos resta é sentir tudo e com toda a intensidade, deixar que as lagrimas esvaziem nossa tristeza, deixar que dor saia por cada poro de nosso corpo inteiro.
É preciso sentir, é preciso ver, é preciso ouvir, é preciso cheirar. É preciso ver o mar, é preciso ouvir o vento, é preciso cheirar a relva. É preciso sentir o amor que nos aquece e o que nos mata. Podemos fazer isso, por que não?
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