sexta-feira, julho 22, 2005

Para a mídia cachaça mata adolescente

O lide da matéria no jornal O Povo traz a acusação: "De acordo com amigos do torcedor, Bruno havia ingerido bebida alcoólica e estava pendurado nas grades de proteção da arquibancada quando perdeu o controle e caiu de cabeça de uma altura entre 15 e 20 metros".

A maioria das matérias que se pode ver, ouvir ou ler sobre o assunto enfatiza a questão de que adolescentes e até crianças têm acesso a bebidas e, aproveitando a deixa do amigo Róbson Freitas, 17: "A gente tinha bebido antes do jogo. Talvez por isso ele tenha caído", a mídia, aparentemente, encontrou um culpado.

Há outras suspeitas, segundo o coronel da PM Carlos Ribeiro, de que Bruno subiu nas grades de proteção para tentar pegar um dos bonés distribuídos por um dos patrocinadores do jogo, o estádio poderia estar fora das normas de segurança, mas nada é mais certo que o fato de que o torcedor havia ingerido álcool.

Ninguém afirmou que ele estivesse bêbado, até se pode imaginar que ele estava bem consciente, pois é difícil imaginar que um grupo de amigos deixe um colega em tal estado desafiar seu equilíbrio.

É certo que o garoto deveria realmente estar alcoolizado, pois a maioria das pessoas que vai a um jogo de futebol vai beber, seja cerveja, seja cachaça, seja o que for. O futebol é uma festa e festa tem bebida.

O garoto tem 17 anos, ele não tem 12, tem 17, alguns meses a mais e teria 18. Qual é a diferença tão grande entre alguns meses na vida de um adolescente. Consumir bebidas alcoólicas é crime antes dos 18 anos, mas os efeitos da cachaça que ele tomou variariam mais de uma pessoa para outra do que nos meses que faltavam para que completasse 18 e pudesse comprar bebidas legalmente.

Não se deve pensar que álcool é inofensivo à saúde e à segurança das pessoas, mesmo após a idade mínima para consumo legal, mas quase todo mundo que estava no estádio na noite do acidente deve ter tomado umas e outras e isso acontece em todos os jogos, em todos os anos e não há um festival de torcedores caindo de maduro das arquibancadas.

Ainda bem que o repórter, ávido por encontrar um culpado, não perguntou: "Ele já usou maconha?". O amigo inocente poderia ter respondido que sim, então teríamos a maconha como culpada, talvez a maconha que o garoto tivesse fumado dois dias antes.

De qualquer forma, a solução até para os acidentes é mais polícia, pois é necessário vigiar melhor para que adolescentes de 17 anos não consigam adquirir bebida alcoólica de vendedores ambulantes nos estádios. Não há como não rir, para não chorar é claro.

É difícil imaginar um mundo sem drogas, lícitas ou não, as pessoas enlouqueceriam um dia após o outro, talvez muito mais gente morreria vítima de queda de lugares altos, mas queda intencional.

Não foi a bebida, não foi o boné e não foram as muretas do estádio dentro das normas. A razão maior do acidente foi a imprudência, que nasce do desejo de se arriscar, de sentir frio na barriga, de desafiar a morte. Talvez uma forma de se provar que se está vivo.

O resto, provavelmente, foi acidente, trágico, mas obra do acaso, acontece, às vezes em tom de espetáculo. Seria mais charmoso se o garoto tivesse um bilhete de despedida em suas mãos, mas não tinha, não há muito que encompridar, morreu no intervalo atrapalhando o jogo, mas os jogadores lhe ofereceram um minuto de silêncio e a torcida agradeceu o espetáculo com uma salva de palmas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Léo não fiquei sabendo da notícia, mas realmente é ridículo a postura da imprensa principalmente. Sabe Léo eu tenho um vício: Trident, chiclets é tudo para mim. Não fico sem e quando coloco um na boca me dá um alívio danado, uma sensação maravilhosa, chego até a me desligar deste mundo. Espero que isto não me cause problemas.

pedrolanzaminhavida_ disse...

eu acho q isso naum vale em nada!!
ngm q lê isso vai parar de fuma poo!
O.o
beiijus