domingo, julho 17, 2005

Sexualidade sem preconceito

Durante a campanha para o segundo turno das eleições à Prefeitura de Fortaleza o candidato do PFL, Moroni Bing Torgan, que não titubeou em buscar inspiração em Getúlio Vargas e seu populismo assemelhado ao fascismo italiano de Mussoline, acreditando que comunismo era cachorro morto, optou por um discurso de perseguição aos homossexuais.

A proposta de criação de uma disciplina de educação sexual na rede municipal de ensino serviu de pretexto para o ataque à candidatura de Luizianne, por condenar o tratamento positivo que seria dado à homossexualidades em sua gestão.

Inúmeros absurdos foram levantados contra a proposta, como a de que as escolas municipais iriam ensinar homossexualismo para crianças de sete anos ou de que tratamento positivo às homossexualidades era o mesmo que dizer que o homossexual é melhor que o resto das pessoas.

Qualquer semelhança com as campanhas anti-comunismo de Vargas não pode ser encarada como mera coincidência e, embora o candidato do PFL tenha sido derrotado no segundo turno, sua votação ainda foi expressiva, o que denuncia o preconceito e a discriminação contra o diferente entre os eleitores de Fortaleza.

Numa cidade em que os assassinatos de homossexuais ocorrem com freqüência e que em determinados casos há a presença de requintes de crueldade e tortura, é absolutamente necessário que a juventude tenha acesso a um debate positivo sobre a questão da sexualidade.

É necessário que o indivíduo possa ver e vivenciar sua sexualidade sem preconceito, que as pessoas tratem da sexualidade com dignidade, de forma positiva, e isso passa pela educação formal, passa pelos meios de comunicação, passa pela arte.

O preconceito contra as homossexualidades existe e, por isso, é necessário desenvolver ações que proporcionem uma mudança, é necessário reforçar os conteúdos que afirmem que se deve ter respeito e saber viver com as diferenças.

A existência e a aceitação da campanha pelos eleitores que votaram em Moroni e talvez até pelos demais, que não sairam às ruas em protesto contra o discurso discriminatório de Moroni, mostra que não se pode fugir à polêmica, pois o preconceito, a discriminação e a violência integram as fundações de nossa sociedade.

É preciso verificar neste momento quais são as ações concretas da Prefeitura de Fortaleza para fazer cumprir seu programa com o objetivo de valorizar a diversidade e não apenas em relação à sexualidade.

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