Não é objetivo e nem se faz necessário esmiuçar a biografia deste político que se assume como um ex-troglodita de berro na cinta cuja cirurgia para redução de estômago o transformou em um novo homem, mas não em Mary Poppins. Roberto Jefferson, 51, PTB-RJ, não é flor que se cheire e seu perfume é herança de família, dos tempos do totalitarismo sedento do sangue popular representado por Getúlio Vargas, quiçá de antes. É representante fiel do mais absoluto continuísmo nos quadros políticos brasileiros.
Domina o palco, é carismático, é hábil no discurso como o são poucos políticos, especialmente se forem considerados no páreo a grande maioria dos petistas. É advogado formado pela Estácio de Sá, mas dificilmente se deve à sua experiência no judiciário a sua comprovada habilidade retórica, pois se iniciou na política a partir da participação no programa popular "O Povo na TV", já no SBT após o fechamento da Tupi, entre 1981 e 1984, e também pelo legado de sua família, pois pai e avô também eram do PTB desde sua fundação em 1945.
Não há como imaginar-se conhecedor de todos os fatos, provavelmente nem Lula, nem Dirceu e nem Roberto Jefferson tem plena segurança de que merda e em que quantidade ainda pode ser jogada no ventilador, quanto mais meros espectadores de toda essa novela, mas é possível aprender com tudo isso, é possível encontrar soluções plausíveis a partir da tragédia que hoje se presencia em cadeia nacional.
É preciso, antes de mais nada, compreender que, qualquer que seja o resultado da CPI dos Correios ou da CPI do mensalão, tais práticas deverão continuar de uma ou de outra forma no exercício do governo, deste e dos próximos, pois não se muda uma nação por ato mágico de qualquer natureza, seja emanado do Executivo, do Legislativa ou do Judiciário. Não bastaram 100 anos para constituir nossas instituições e não bastarão outros 100 para que se consolidem. Sequer é certo de que tal consolidação garantirá ao brasileiro uma vida melhor.
Para que se possa encontrar uma solução para o problema que hoje se vive é preciso focalizar o bem-estar de sete gerações à frente do nosso tempo e esquecer dos clichês eleitoreiros relacionados à mágica solução da educação ou da bolsa escola. São investimentos necessários, mas não se pode esquecer que dentre as funções da escola está a manutenção do estabelecido e o estabelecido hoje é bem representado pelo mensalão.
Roberto Jefferson é um fantasma, mas nem é o único e nem é destoante de nossa história ou de nosso presente. Há Robertos Jeffersons por todos os lados em nosso quotidiano, por sorte poucos com poder semelhante ao do ícone, mas com pensamentos e ações absolutamente similares, e, melhor do que isso, Roberto Jefferson nos representa a todos, todos temos uma parte de nós fielmente representada por ele, pode não ser nosso eu dominante, mas certamente está lá, em conflito com nosso Lula, com nosso Fernado Henrique Cardoso, com nosso José Sarney e com nosso Antonio Carlos Magalhães. Há um pouco de cada um desses e de outros políticos dentro de cada um de nós, dentro de cada brasileiro.
Se não somos capazes de perceber de que forma cada parte de nosso eu está representado no olímpo político, não somos capazes de mudar a nós mesmos, quanto mais de mudar o pensamento de nossa comunidade ou de nossa nação.
O oposto, se formos capazes de nos perceber em todos os deuses e demônios que nos representam, seremos capazes de transformar a nós mesmos, o que é todo o princípio para a construção de um futuro melhor, pois ao transmitir essa habilidade às gerações futuras, aos nossos descendentes, estaremos possibilitando a eles um grande instrumental de aprendizado, de reflexão, de crítica e de mudança da única coisa que se pode mudar em uma vida: nossa própria vida.
3 comentários:
Interessante a abordagem.
Alê!
ótimo post. Muito bom mesmo. Eu não sabia que o tio Bob tinha sido apresentador no passado, deve ser por isso que ele tá fazendo este teatrinho todo, e está representando muito bom por sinal, principalmente com toda ajuda de que alguns canais de tv vem dando. Não me surpreenderia se ela aparecesse na capa da Playboy.
Alê e Simy,
Os artigos têm vida própria, senta-se para escrever algo e, ao longo da escritura, o texto toma personalidade própria, escreve aquilo que ele quer. Ao final, não se pode fazer outra coisa a não ser trocar o titulo. Fatalmente o Roberto Jefferson (PTB-RJ), presidente licenciado do PTB, está sendo muito habilidoso, mas o que me perturba não é isso, é tentar compreender seus objetivos com tudo isso!
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