Tenho escrito muito, às vezes sem pé ou cabeça, mas tenho escrito. Não o que eu deveria fazer, pois deveria escrever a abertura de um romance, é minha tarefa de casa há duas semanas, tenho que iniciar um romance.
Talvez eu esteja lendo pouco. Talvez eu esteja mais cheio de blues que antes e não sei explicar ao certo por que! Sei que está em mim, pois é só que sou incapaz de existir, mas não sei desenhar essa figura.
Novamente não tenho sonhado, de fato, pouco tenho dormido, não que eu tenha insônia, não é isso, durmo até fácil quando tento.
Aliás, parece que tudo quando tento até consigo. Até escrever, eu sento, decido publicar mais um post e vou escrevendo de primeira, sem revisão, sem melhoramentos e há quem goste de ler.
Eu sei que se eu começar eu inicio a escritura desse romance, sei tanto que nem tento, da mesma forma que não tento dormir, para não pegar no sono, talvez para não sonhar.
Eu sei que deveria pensar que tudo isso é resistência, mas nem bem eu sei por que estaria resistindo, escrever me traz prazer, traz esse prazer agora, na verdade escrever não tanto, prazer maior eu tenho quando lêem o que eu escrevo.
Eu sei que é ilógico, eu tenho que escrever um romance, é simplesmente uma obrigação, eu tenho que cumprir, não tenho que escrever uma grande obra, tenho que, tão somente, fazer o básico.
Talvez seja isso, fazer o básico, o necessário, o suficiente, tudo isso tem me cansado em minha vida.
Não posso reclamar da sorte, se existem anjos da guarda eles sempre estiveram ao nosso lado, mas o suficientemente bom não me basta, não me basta ser pai, ser marido, ser escritor, ser amigo, ser qualquer coisa suficientemente boa e praticamente prefiro não ser nada a ser tão somente suficiente.
Talvez seja isso que me destrua, a perspectiva de ser tão somente suficiente, necessário, mínimo, básico. Tudo bem, pode me mandar tratar disso com meu terapeuta, mas é verdade, não me aceito normal, regular, certo, correto, modal. Se tenho que ser isso, apenas isso, se não posso ser mais que o necessário, não sou eu, não me reconheço, eu me perco em mim mesmo.
Assim é que existo ainda na minha necessidade do outro, que não é mínima, que não é suficiente, que não me basta. Esse meu eu em contato com o outro ainda pode ser intenso, pode ser mais que o apenas necessário, é a diluição intensa das fronteiras que ainda me mantém vivo, aqui, esperando pelo momento que, se um dia acontecer, eu possa encontrar algo em mim mesmo.
4 comentários:
Crise existencial? Não se martirize, tenho certeza que vai ter seu romance. Bjus.
Não, não chega a tanto, um martírio seria pleno, não é o caso, mas eu tenho meu romance. Obrigado por aparecer. Um beijo! Espero que volte!
Oops, até eu me perdi na avaliação, será que você estava falando em "ter o seu romance" no sentido literário ou afetivo? Se é no literário, bem, eu não tenho, vou ter que ter, hora mais, hora menos. É no outro sentido que já o tenho, no sentido afetivo.
Hahahs Léo. Foi no sentido literário. Não seria indiscreta a ponto de falar no outro sentido.
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