Eu deveria chorar, não consigo, na verdade, eu preciso chorar, preciso gritar, não consigo. Sinto-me paralisado, embargado. Dentro de mim há uma enorme turbulência, não consigo dormir, esperar o dia seguinte, não posso esperar mais. Minha vida se tornou esperar, esperar inóquo, indecente, inútil e impotente.
Não suporto mais reencenar o fim, meu desejo é que o fim se complete, de qualquer forma, de alguma maneira, precido do fim, mas estou paralisado, continuo paralisado, não me movo, não inicio ou termino qualquer coisa, não grito, não choro. Minha vida é esperar pelo fim, não mais que esperar, que não se abrevia por mais que eu deseje.
Desejaria voltar à vida.
Morrer talvez, mas morrer não posso, não me é possível. Voltar à vida não me é permitido.
Voltar à vida seria cômodo, mesmo uma vidinha sem brilho seria melhor que o limbo em que me encontro, paralisante, sufocante.
Angustiante. Não choro. Não grito.
Vou para o quarto, amanhã alimento minha espera.
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