Enfim, devo aprender, a vida não é cor-de-rosa e isso eu estou aprendendo da pior maneira possível, por que dói mais em quem eu amo do que em mim. Muitos dos amigos eram meus também, mas eram muito mais dela [do meu amor] do que meus --embora eu não saiba também se há essa altura também os meus já não me abandoram quase todos.
Foi meu amor que confiou até o último instante nos amigos velhos (e eu não deixo de acreditar, teimoso, naqueles que ainda não pude confirmar nos abandonando), e cada nome pronunciado como "não tem perigo, eu confio muito nele" foi se desmanchando sem que um único tenha se preocupado em perguntar a nossa versão, em "checar a informação" como dizemos no jornalismo.
Todo mundo se "encantou" com a versão única, "sexy" e "sedutora", todo mundo evitou o outro lado, mesmo quando o outro lado nem sabia que tinha que se explicar.
Ao menos uns assumem, pior aqueles que mesmo a gente vendo o que fazem e dizem, fizeram ou disseram, dizem-se (para nós) de fora, amigos de ambas as partes, amigos desde quando? Desde que foi planejado o que hoje se tornou realidade. Não importa já faz uma década que eram nossos amigos, será vingança por termos optado por formar uma família e abandonar a adolescência?
Será que o fato de que para nós formar uma família era o mais importante de tudo e que sair à noite era algo menor? Que beber e ficar sem dormir não fazia sentido quando se tinha que trabalhar e proporcionar o máximo de nós para nosso anjinho dos cabelos cacheados?
Será que nossos amigos não podem nos perdoar por entender que uma vidinha nossa nos merece livres de qualquer ressaca, principalmente de ressaca moral?
Pode ser, me perdoem, não esqueci de ninguém, mas tenho lutado com todas as minhas forças contra algo muito forte, algo que muitas vezes é mais forte que eu, algo que já me consumiu 20kg de mim mesmo.
Então além de dedicar todo tempo que pude ao meu filho, com todo meu carinho e ternura, assim também o tempo em que não podia estar com ele (mais de quatro vezes o tempo que estava), tinha que me manter vivo apesar da saudade, apesar da perda recorrente.
Também tinha que lutar com algo muito forte, que só aqueles que estão bem próximos é que sabem o que eu estou passando, sabem como eu tenho lutado, pois não é fácil, não sabem como é praticamente renascer e, antes que estivesse forte de novo, levar uma nova paulada.
Juro, não fosse a esperança que tenho ainda de voltar a conviver co meu filho, mesmo que o pouco que tinha antes (2 de 7 dias na semana), passando 2 horas com ele dois dias no meio da semana, eu não estaria escrevendo isso, teria deixado não mais que o poema abaixo para as poucas pessoas que estão nos confortando falarem algo de mim, para os tantos que talvez perguntassem um dia.
Meu carinho todo especial para aqueles que sempre que nos encontram nem falam nada, só olham, abraçam, em silencio e abraçam mais forte, por mais tempo. Por que nada pode confortar um pai, que por puro capricho de "alguém", é obrigado a "abandonar" seu filho.
Eu torço para que o casamento de todos os meus amigos, inclusive os que me abandonaram, nunca fracasse, por que ser punido por seu fracasso através do sofrimento de seu filho só encontra paralelo no "A Escolha de Sofia", assistam de novo e vão enteder minha dor, aquela, da hora em que ela finalmente fala a verdade, fala sobre o que ela fez, sobre sua escolha, não a dor pela perda, mas a dor pela escolha, essa vai perturbá-la pelo resto da vida, essa que acaba com ela, ela que esta presente todos os dias.
Essa é minha dor, sempre que entro no quarto do meu filho, sempre que alguém liga qualquer música no aparelho de som dele, sempre que vejo seu nome escrito com lixa na parede. Essa dor, eu não desejo para ninguém, é muito pior do que o luto, muito, por que ao menos se fosse luto eu podia me permitir seguí-lo, mas essa dor, essa perda, em que não o tenho, mas que tenho que me manter aqui, vivo, forte, feliz para que ele possa, um dia, ter alguém para confiar, alguém que não coloque seus próprios caprichos acima dos seus sentimentos mais fortes.
E se algum dos meus amigos ou ex-amigos que me abandoram quiserem voltar atrás, só peço uma coisa, que comece de forma sincera, aberta, por que é o melhor jeito, não dá mais para aguentar mentira e falsidade.
Eu sei que foram faladas muitas mentiras, eu sei que aqueles que quiserem verificar o que está por trás daquilo que acreditaram vão se sentir mal, eu sei por que assim minha própria mãe se sentiu quando a máscara caiu e, se até ela foi enrolada por tantas mentiras, por que um amigo de 10, de 5 anos não seria? Só não mente mais pra gente não, não tenta dizer que não fez o que fez, que a gente sempre sabe de mais coisa do que se imagina, mentira sempre tem perna curta e falsidade machuca mais que traição.
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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