Sempre me emocionei com a lutas contra a discriminação e o preconceito, sempre me empolguei com as lutar por direitos, como direitos das crianças e dos adolescentes, das mulheres, mas, confesso, sempre me vi dentro dos grupos majoritários, em que seus direitos estavam bem protegidos, ao menos aqueles bem básicos, e bem entendidos pela constituição e tantas outras leis complementares.
Agora, incrível, sou discriminado e sofro de preconceito por ser pai, sou acusado de querer ser mãe e não aceitar meu papel de pai, sou acusado por ser muito apegado ao meu filho, sou acusado por ter uma relação muito próxima com meu filho, sou acusado por querer vê-lo todos os dias, por querer brincar com ele, por querer conviver com ele, por querer ser pai dele.
E, apesar dos direitos básicos constitucionais, do Estatuto da Criança e do Adolescente e de tantas outras leis garantirem os direitos que eu e meu filho temos de estarmos juntos, de que eu possa participar da educação, da formação da personalidade, da vida dele, corre o risco de ser uma briga dura, não é uma coisa do tipo que se resolve facilmente, ainda é imatura a jurisprudência, as conquistas dos pais ainda são muito recentes.
E como não se trata de ser "mártir" só, eu teria que tornar também meu filho um "mártir" e ele tem todo o direito de não sofrer do mesmo romantismo que eu, eu, recentemente, cedi do direito de passar de quarta para quinta feira com ele, era importante para ambos e existem testemunhas disso, em troca, vou ter direito a dois passeios durante a semana, de duas a quatro horas, afinal, ele está se recuperando de todos vários problemas de saúde agora, eu não posso deixá-lo em meio a mais uma guerra.
Mas não posso deixar de manifestar meu repúdio a essa sociedade que não recrimina a mães e pais que não lutam para estabelecer o melhor convívio possível com os pais de seus filhos, que não percebem, que crianças não são culpadas de sua imaturidade.
Por que as mães de pais separados acham que para manter o amor de seus filhos precisam afastar o pai o máximo possível? Não percebem ela que quanto mais amor verdadeiro uma criança receber, mais ela vai amar? Por que a violência gratuíta? Se a mãe do meu filho não consegue manter-se próxima de mim por ainda não ter resolvido bem a separação, que culpa o Cauê tem? Que culpa eu tenho?
Eu sei que a justiça está amadurecendo rápido, que em poucos anos será claro para todos a importância de não se romper os laços da criança com o pai, mas o tempo do meu filho e o meu são mais acelarados que o tempo da história. Às vezes me pego pensando em criar camisetas com frases como: "Deixe-me ser pai do meu filho", "Orfãos de pais vivos" ou coisas parecidas.
Digo isso, por que apesar de ter registrado um acordo, ontem, quando deixei o Cauê de um passeio, teve o passeio que terminar com um: "Você vai ver o que vai acontecer, o que eu vou fazer com você, me aguarde" e a única coisa que ela tem contra mim, a única coisa que ela pode fazer contra mim e machucar meu filho, é usá-lo contra mim e isso já aconteceu, mas uma simples ameaça dessa não constitui elemento para uma ação, embora a violência, na frente do meu filho, fosse suficiente para prejudicá-lo.
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